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Notas de Jó

  LIVRO  DE  JÓ

 

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Esboço JÓ


I. Prólogo: A Crise (1.1—2.13)

A. Jó, Sua Retidão e Seu Temor a Deus (1.1-5)

B. As Calamidades Sobrevindas a Jó (1.6—2.10)

C. Os Três Amigos de Jó (2.11-13)

II.     Diálogos entre Jó e Seus Amigos: A Busca de Resposta Humanista (3.1—31.40)

A. Primeiro Ciclo de Diálogos: A Justiça de Deus (3.1—14.22)

1. Jó Lamenta o Dia do Seu Nascimento (3.1-26)

2. Resposta de Elifaz (4.1—5.27)

3. Réplica de Jó (6.1—7.21)

4. Resposta de Bildade (8.1-22)

5. Réplica de Jó (9.1—10.22)

6. Resposta de Zofar (11.1-20)

7. Réplica de Jó (12.1—14.22)

B. Segundo Ciclo de Diálogos: O Fim do Ímpio (15.1—21.34)

1. Resposta de Elifaz (15.1-35)

2. Réplica de Jó (16.1—17.16)

3. Resposta de Bildade (18.1-21)

4. Réplica de Jó (19.1-29)

5. Resposta de Zofar (20.1-29)

6. Réplica de Jó (21.1-34)

C. Terceiro Ciclo de Diálogos: Jó e o Problema do Pecado (22.1—31.40)

1. Resposta de Elifaz (22.1-30)

2. Réplica de Jó (23.1—24.25)

3. Resposta de Bildade (25.1-6)

4. Réplica de Jó (26.1-14)

5. Jó Resume a Sua Posição (27.1—31.40)

III. Discursos de Eliú: O Começo do Entendimento (32.1—37.24)

A. Apresentação de Eliú (32.1-6a)

B. Primeiro Discurso: Deus Instrui o Ser Humano Através da Aflição (32.6b—33.33)

C. Segundo Discurso: A Justiça de Deus e a Presunção de Jó (34.1-37)

D. Terceiro Discurso: A Retidão é Recompensada (35.1-16)

E. Quarto Discurso: A Excelsa Grandeza de Deus e a Ignorância de Jó (36.1—37.24)

IV. O Senhor Responde a Jó Diretamente (38.1—42.6)

A. Deus Demonstra a Ignorância de Jó (38.1—40.2)

B. A Humildade de Jó (40.3-5)

C. Deus Repreende a Jó por Sua Crítica (40.6—41.34)

D. Jó Confessa Sua Ignorância dos Caminhos de Deus (42.1-6)

V. Epílogo: Desfecho da Prova (42.7-17)

A. Jó Ora pelos Seus Três Amigos (42.7-9)

B. A Dupla Bênção de Jó (42.10-17)

 

Autor:
Desconhecido
Tema:
Por Que Sofre o Justo?
Data:
Incerta

 

Considerações Preliminares

Jó é um dos livros sapienciais e poéticos do AT; “sapiencial”, porque trata profundamente de relevantes assuntos universais da humanidade; “poético”, porque a quase totalidade do livro está elaborada em estilo poético. Sua poesia,
todavia, tem por base um personagem histórico e real (ver Ez 14.14,20) e um evento histórico e real (ver Tg 5.11). Os fatos do livro se desenrolam na “terra de Uz” (1.1), que posteriormente veio a ser o território de Edom,
localizado a sudeste do mar Morto, ou norte da Arábia (cf. Lm 4.21). Assim sendo, o contexto histórico de Jó é mais árabe do que judaico.
Há duas datas importantes relacionadas a Jó: (1) a data do próprio Jó e dos eventos descritos no livro; e (2) a data da escrita inspirada do livro. Certos fatos indicam que Jó viveu por volta dos tempos de Abraão (2000 a.C.) ou até
antes. Os fatos mais destacados são: (1) ele ter vivido mais 140 anos após os eventos do livro (42.16), o que sugere uma duração de vida de quase 200 anos (Abraão viveu 175 anos); (2) suas riquezas eram calculadas em termos de
gado (1.3; 42.12); (3) sua atividade como sacerdote da família, idêntica à de Abraão, Isaque e Jacó (1.5); (4) a família patriarcal como unidade social básica, semelhante aos dias de Abraão (1.4,5, 13); (5) as incursões dos sabeus
(1.15) e dos caldeus (1.17), que se encaixam na era abraâmica; (6) o uso freqüente (trinta e uma vezes) do nome patriarcal comum de Deus, Shaddai (“O Onipotente”), e (7) a ausência de referência a fatos da história israelita ou à lei
mosaica também sugere uma era pré-mosaica (i.e., antes de 1500 a.C.).
Há três diferentes pontos de vista sobre a data da escrita deste livro. Talvez tenha sido escrito: (1) durante a era patriarcal (c. 2000 a.C.), pouco depois da ocorrência dos eventos citados, e talvez pelo próprio Jó; (2) durante o
reinado de Salomão ou pouco depois (c. 950—900 a.C.), pelo fato de o estilo literário do livro assemelhar-se ao da literatura sapiencial daquele período; ou (3) durante o exílio de Judá (c. 586—538 a.C.), quando, então, o povo
de Deus procurava entender teologicamente o significado da sua calamidade (cf. Sl 137). Se não foi o próprio Jó, o escritor deve ter obtido informações detalhadas, escritas ou orais, oriundas daqueles dias, as quais ele utilizou sob o
impulso da inspiração divina para escrever o livro na feição em que o temos. Certas partes do livro vieram evidentemente da revelação direta de Deus (e.g. 1.6—2.10).

Propósito

O livro de Jó lida com a pergunta dos séculos: “Se Deus é justo e amoroso, por que permite que um homem realmente justo, tal como Jó (1.1, 8) sofra tanto?” Sobre esse assunto o livro revela as seguintes verdades: (1) Satanás,
como adversário de Deus, teve permissão para provar a autenticidade da fé de um homem justo, por meio da aflição, mas a graça de Deus triunfou sobre o sofrimento, porque Jó permaneceu firme e constante na fé, mesmo quando
parecia não haver qualquer proveito em permanecer fiel a Deus. (2) Deus lida com situações demais elevadas para a plena compreensão da mente humana (37.5). Nesses casos, não vemos as coisas com a amplitude que Deus vê e
precisamos da sua graciosa auto-revelação (38—41). (3) A verdadeira base da fé acha-se, não nas bênçãos de Deus, nem em circunstâncias pessoais, nem em teses formuladas pelo intelecto, mas na revelação do próprio Deus. (4)
Deus, às vezes, permite que Satanás prove os justos mediante contratempos, a fim de purificar a sua fé e vida, assim como o ouro é refinado pelo fogo (23.10; cf. 1 Pe 1.6,7). Tal provação resulta numa maior integridade espiritual e
humildade do seu povo (42.1-10). (5) Embora os métodos de Deus agir, às vezes, pareçam contraditórios e cruéis (conforme o próprio Jó pensava), ver-se-á, no fim, que Ele é plenamente compassivo e misericordioso (42.7-17; cf.
Tg 5.11).

Visão Panorâmica

Há cinco divisões distintas no livro de Jó: (1) o prólogo (1—2), que descreve a calamidade de Jó e a causa subjacente disso; (2) três ciclos de diálogo entre Jó e os seus três amigos, nos quais estes buscam, na mente humana,
respostas para o sofrimento de Jó (3—31); (3) quatro monólogos de Eliú, um homem de menos idade que Jó e seus três amigos. Estes monólogos contêm certo vislumbre de compreensão do significado (mas não a causa) do
sofrimento de Jó (32—37); (4) o próprio Deus, que fala a Jó da sua ignorância e das suas queixas e ouve a resposta de Jó à sua revelação (38.1—42.6); (5) o epílogo (42.7-17), com a restauração de Jó. O livro de Jó está escrito
em forma poética, com exceção do prólogo, do trecho 32.1-6a, e do epílogo.
No cap. 1, temos Jó como um homem justo e temente a Deus (1.1, 8) e o mais importante de todos do Oriente (1.3). Repentinamente, uma série de grandes calamidades destruiu seus bens, seus filhos e sua saúde (1.13-22; 2.7-10).
Jó ficou totalmente desorientado, sem saber que estava envolvido a fundo num conflito entre Deus e Satanás (1.6-12; 2.1-6). Os três amigos de Jó — Elifaz, Bildade e Zofar — chegaram para consolar Jó, mas, em vez disso,
passaram a debater com ele sobre o porquê dos seus infortúnios. Insistiam que, pelo fato de Deus ser justo, os sofrimentos de Jó evidentemente eram castigos por seus pecados ocultos, e que o seu único recurso era o
arrependimento. Jó rejeitou essas respostas preconcebidas, afirmou a sua inocência e confessou sua incapacidade de compreender sua situação (3—31). Eliú apresentou outra perspectiva, a saber, que o sofrimento de Jó tinha a ver
com o propósito divino de purificar Jó ainda mais (32—37).
Finalmente, todos se calaram, inclusive Jó, enquanto o próprio Deus falou com ele da sua sabedoria e poder como Criador. Jó confessou, arrependido e humilhado, sua ignorância e pequenez (38—41). Quando Jó arrependeu-se de
estar argumentando com o Todo-poderoso, (42.5,6) e orou por seus amigos que o tinham magoado profundamente (42.8-10), foi liberto da sua prova de fogo e duplamente restaurado (42.10). Além disso, Jó foi vindicado quando
Deus declarou que o patriarca tinha falado a respeito dEle “o que era reto” (42.7). Os dias subseqüentes de Jó foram mais abençoados do que os anteriores à sua aflição (42.12-17).

Características Especiais

Sete características principais assinalam o livro de Jó. (1) Jó, um habitante do norte da Arábia, foi um não-israelita justo e temente a Deus, que talvez tenha existido antes da família de Israel, e do seu concerto com Deus (1.1). (2)
Este livro é o mais profundo que existe sobre o mistério do sofrimento do justo. (3) Revela uma dinâmica importante, presente em toda prova severa dos santos: enquanto Satanás procura destruir a fé dos santos, Deus está operando
para depurá-la e aprofundá-la. A perseverança de Jó na sua fé permitiu que o propósito de Deus prevalecesse sobre a expectativa de Satanás (cf. Tg 5.11). (4) O livro é de valor inestimável pela revelação bíblica que contém sobre
assuntos-chaves tais como: Deus, a raça humana, a criação de Satanás, o pecado, o sofrimento, a justiça, o arrependimento e a fé. (5) Boa parte do livro ocupa-se da avaliação teológica errônea que os amigos de Jó fizeram do
sofrimento deste. A repetição freqüente desta avaliação errônea no livro talvez indique tratar-se de um erro comum entre o povo de Deus; erro este que exige correção. (6) O papel de Satanás como “adversário” dos justos, o livro
de Jó o demonstra mais do que em qualquer outro livro do AT. Entre as dezenove referências nominais a Satanás no AT, quatorze ocorrem em Jó. (7) Jó demonstra com toda clareza o princípio bíblico de que os crentes são
transformados pela revelação, e não pela informação (42.5,6).

O Livro de Jó e Seu Cumprimento no NT

O Redentor a quem Jó confessa (19.25-27), o Mediador por quem ele anseia (9.32,33) e as respostas às suas perguntas e necessidades mais profundas, todos têm em Jesus Cristo o seu cumprimento. Jesus identificou-se
inteiramente com o sofrimento humano (cf. Hb 4.15,16; 5.8), ao ser enviado pelo Pai como Redentor, mediador, sabedoria, cura, luz e vida. A profecia da parte do Espírito sobre a vinda de Cristo, temo-la mais claramente em
19.25-27. Menção explícita de Jó, temos duas vezes no NT: (1) Uma citação (5.13, em 1 Co 3.19) e (2) uma referência à perseverança de Jó na aflição e o resultado misericordioso da maneira de Deus lidar com ele (Tg 5.11). Jó
ilustra muito bem a verdade neotestamentária de que quando o crente experimenta perseguição ou algum outro severo sofrimento, deve perseverar firme na fé e continuar a confiar naquele que julga corretamente, assim como fez o
próprio Jesus quando aqui sofreu (1 Pe 2.23). Jó 1.6—2.10 é o mais detalhado quadro do nosso adversário, juntamente com 1 Pe 5.8,9.
 

*

NOTAS DE JÓ 1º


1.1 JÓ. Tudo indica que Jó viveu na época dos patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó, aproximadamente em 2100-1800 a.C.). A maioria dos eruditos crê que a terra de Uz ficava a sudeste da Palestina e do mar Morto, ou ao norte da Arábia (ver a introdução ao livro de Jó). Outros crêem que a terra de Uz ficava ao nordeste do mar da Galiléia, na direção de Damasco.

1.1 SINCERO, RETO E TEMENTE A DEUS; E DESVIAVA-SE DO MAL.

(1) O temor de Deus e o desviar-se do mal são o fundamento da vida irrepreensível e da retidão de Jó (cf. Pv 1.7). "Sincero" refere-se à integridade moral de Jó e à sua sincera dedicação a Deus; "reto" denota retidão nas palavras, nos pensamentos e atos.

(2) Esta declaração da retidão de Jó é reafirmada pelo próprio Deus no versículo 8 e em 2.3 onde, claramente, se vê que Deus, pela sua graça, pode redimir os seres humanos caídos, e torná-los genuinamente bons, retos e vitoriosos sobre o pecado. Esta declaração envergonha e expõe os erros do ensino evangélico modernista, o qual afirma que:

(a) nenhum crente em Cristo, mesmo com toda assistência do Espírito Santo, pode ter a mínima esperança de ser irrepreensível e reto nesta vida; e

(b) os crentes podem estar certos de que pecarão todos os dias, por palavras, pensamentos e obras, sem nenhuma esperança de vencer a carne nesta vida.

1.5 MEUS FILHOS. Como pai piedoso, Jó tinha muito zelo pelo bem-estar espiritual de seus filhos. Vivia atento à conduta e modo de vida deles, orando a Deus para que os protegesse do mal e que experimentassem da parte de Deus a salvação e suas bênçãos. Jó exemplifica o pai de coração voltado para os filhos, dedicando-lhes tempo e atenção necessários para mantê-los afastados do pecado (ver Lc 1.17 nota; ver o estudo PAIS E FILHOS)

1.6,7 SATANÁS. Antes da morte e da ressurreição de Cristo, Satanás tinha acesso vez por outra à presença de Deus, quando então questionava a sinceridade e retidão dos fiéis (ver 1.6-12; 2.1-6; 38.7; Ap 12.10). Por outro lado, a Bíblia não declara em nenhum lugar que Satanás tem acesso direto a Deus na nova aliança (ver Mt 4.10 nota), embora ele continue acusando os crentes. O crente pode eliminar essas acusações por meio do sangue de Cristo, de uma boa consciência e da Palavra de Deus (cf. Mt 4.3-11; Tg 4.7; Ap 12.11). Nossa confiança é reforçada pelo fato de termos como nosso Advogado perante o Pai o Senhor Jesus Cristo (1 Jo 2.1), que está à sua destra, intercedendo por nós (Hb 7.25).

1.8 OBSERVASTE TU A MEU SERVO JÓ? A essa altura, o livro apresenta o conflito entre Deus e o seu grande adversário, Satanás. Deus aqui repta Satanás a observar em Jó o triunfo da graça e salvação divinas. Na vida deste seu servo fiel, Deus demonstrou que seu plano de redimir a raça humana, do pecado e do mal, é exeqüível.

1.9 PORVENTURA, TEME JÓ A DEUS DEBALDE? Satanás reagiu ante a declaração de Deus, de ser Jó um homem piedoso, e passou a acusar tanto a Jó quanto a Deus.

(1) Satanás questionou os motivos de Jó e, portanto, a veracidade da sua retidão, afirmando que o amor que Jó tinha a Deus era realmente egoísta e que ele adorava a Deus somente porque tirava proveito disso. Satanás deixou claro que o amor que Jó tinha a Deus não era sincero.

(2) Satanás insinuou, ainda, que Deus era ingênuo, que se deixara enganar, e que obtivera a devoção de Jó mediante a concessão de bênçãos e suborno (vv. 10,11). Satanás concluiu que Deus tinha falhado no seu propósito de reconciliar a raça humana consigo mesmo. Se Deus deixasse de proteger Jó, e de lhe conceder riquezas, saúde e felicidade, ele (Jó) blasfemaria dEle na sua face! (v. 11).

1.10 CERCASTE. Posto que Satanás vem para roubar, matar e destruir (cf. Jo 10.10), Deus coloca uma cerca de proteção em volta dos seus, para abrigá-los dos ataques de Satanás. Essa "cerca" é qual "muro de fogo" espiritual, de proteção para os fiéis de Deus, de modo que Satanás não possa atingi-los. "E eu, diz o SENHOR, serei para ela [Jerusalém] um muro de fogo em redor" (Zc 2.5).

(2) Todos os crentes que fielmente procuram amar a Deus e seguir a direção do Espírito Santo têm o direito de pedir e de esperar que Deus mantenha esse muro de proteção ao seu redor e de suas respectivas famílias.

1.11 TOCA-LHE EM TUDO QUANTO TEM, E VERÁS SE NÃO BLASFEMA DE TI NA TUA FACE! Nos versículos 6-12 estão propostas as perguntas principais do livro. É possível o povo de Deus amá-lo e servi-lo por causa daquilo que Ele é, e não apenas por causa das suas dádivas? O justo pode manter sua fé em Deus e seu amor por Ele em meio a tragédias incompreensíveis e sofrimentos imerecidos?

1.12 SOMENTE CONTRA ELE NÃO ESTENDAS A TUA MÃO. Deus permitiu a Satanás destruir os bens e a família de Jó; porém, Ele fixou um limite até onde Satanás podia ir e não lhe concedeu o poder de morte sobre Jó. Satanás lançou tempestades e pessoas violentas contra Jó (vv. 13-19).

1.16 FOGO DE DEUS. O "fogo de Deus" é provavelmente uma expressão referente ao relâmpago (ver Nm 11.1; 1 Rs 18.38).

1.20 E SE LANÇOU EM TERRA, E ADOROU. Jó reagiu às fatalidades que lhe aconteceram, com intensa aflição; mas também, com humildade, submeteu-se a Deus e continuou a adorá-lo em meio à mais severa adversidade (v. 21; 2.10).

(1) Posteriormente, Jó reagiu à calamidade ininterrupta, revelando dúvida, ira e sentimento de isolamento de Deus (7.11). Mesmo nesse período de trevas e de fé vacilante, Jó não se voltou contra Deus, todavia expressou francamente diante dEle suas queixas e sentimentos.

(2) O livro de Jó demonstra como o crente fiel deve enfrentar os contratempos da vida. Embora possamos enfrentar sofrimentos severos e aflições inexplicáveis, devemos orar, pedindo graça para aceitar o que Deus permitir que soframos, pedindo-lhe também a revelação e compreensão do seu significado. Deus cuidará dos nossos confusos sentimentos e lamentos, se os levarmos a Ele - não com rebeldia, mas com sincera confiança nEle como um Deus amoroso.

(3) O livro revela que Deus aceitou bem as indagações de Jó (38-41) e que, no final, declarou que Jó falara "o que era reto" (42.7).

 

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NOTAS DE JÓ 2º

2.3 PARA O CONSUMIR SEM CAUSA. Jó, o sofredor inocente, prefigura tanto Jesus Cristo como todos os crentes fiéis da nova aliança.

(1) Como modelo no AT, do justo sofredor, Jó é uma prefiguração de Cristo - o Justo Perfeito - que sofreu apesar de ser inocente (ver o estudo CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO). O Cristo imaculado sofreu no seu corpo as conseqüências do mal, e foi considerado "ferido de Deus" (Is 53.4; 1 Pe 2.24; 4.1).

(2) Semelhantemente, Jó exemplifica a perseverança paciente na adversidade que um filho de Deus deve ter (Tg 5.11; cf. Hb 11, onde muitos dos heróis da fé sofreram e morreram sem experimentarem livramento).
Assim como Jó sofreu inocentemente por causa da sua integridade e lealdade a Deus, todos os crentes fiéis também sofrerão de certo modo. O NT declara que "todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições" (2 Tm 3.12) - sofrimento este considerado como a participação "de suas [de Cristo] aflições" (Fp 3.10; cf. Cl 1.24). Os sofredores inocentes são, pois, companheiros do Senhor (cf. 1 Pe 4.1; 5.10; ver 2.21 nota; 4.13 nota; ver o estudo O SOFRIMENTO DOS JUSTOS)

2.6 ELE ESTÁ NA TUA MÃO. Deus permitiu que Satanás infligisse mais sofrimento a Jó, porque sem esse sofrimento imerecido, nem a plena dedicação de Jó a Deus poderia ser comprovada, nem o empenho de Deus para redimi-lo do pecado poderia ser plenamente demonstrado.

(1) A prova da fé de um justo, mediante o sofrimento, tem muita importância, pois a honra de Deus fica em jogo na maior luta espiritual de todos os tempos: i.e., o conflito entre Deus e Satanás.

(2) O apóstolo Pedro, escrevendo sob o aspecto do NT, declara: "Sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações [provações], para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo" (1 Pe 1.6,7).

2.9 AMALDIÇOA A DEUS E MORRE. Este conselho da esposa de Jó exprime o âmago da prova da fé de Jó. Por todo o livro, a profunda angústia de Jó causada pelo sofrimento aparentemente injusto da parte de Deus tentava-o a renunciar a sua determinação de fidelidade a Deus, e também deixar de confiar nEle como um Deus compassivo e misericordioso (cf. 5.11).

2.10 E NÃO RECEBERÍAMOS O MAL? Os crentes verdadeiros devem se preparar tanto para serem provados por Deus com a adversidade, como para receber o bem da sua mão. Confiarmos em Deus não significa que Ele sempre nos livrará da aflição, nem a fidelidade a Deus garante prosperidade e sucesso (ver 2.3 nota; 3 Jo 2 nota). Ao surgir a adversidade, o crente, cuja consciência não o acusa de pecado ou rebelião contra Deus, deve confiar a sua alma às mãos de Deus. A fé em Deus, como nosso Senhor amorável, nas provações e opressões, expressa o seu maior triunfo (1 Pe 1.3-9).

2.11 TRÊS AMIGOS DE JÓ. Ao saberem as adversidades de Jó, três dos seus amigos vieram solidarizar-se com ele e confortá-lo. O livro de Jó contém os diálogos entre eles e o sofredor. O ponto de vista deles expressa uma teologia popular, porém falha, pois criam que só coisas boas aconteciam aos fiéis, ao passo que sofrimentos e lutas sempre indicam pecado na vida da pessoa. Fizeram um esforço sincero para ajudar Jó, procurando fazê-lo reconhecer algum pecado grave. Por fim, Deus os repreendeu pelo seu erro (42.7).
 

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NOTAS DE JÓ 3º

3.1 JÓ... AMALDIÇOOU O SEU DIA. Jó ficara solitário, humilhado e sofrendo dores. Seu sofrimento -maior era o sentimento de que Deus o abandonara.

(1) No seu discurso (vv. 2-26), Jó disse a Deus exatamente como se sentia. Começou maldizendo o dia em que nasceu e sua vida de sofrimento, mas note-se que em tudo isso Jó não blasfemou contra Deus. Seu lamento era uma expressão de dor e desolação, mas não uma expressão de revolta contra Deus.

(2) Sempre é melhor para o crente levar ao Senhor em oração suas dúvidas e sentimentos sinceros. Nunca é errado levarmos a Deus nossas aflições e angústias, a fim de invocarmos a sua compaixão. O próprio Jesus Cristo perguntou a Deus: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mt 27.46; cf. Jr 20.14-18; Lm 3.1-18).

3.13 ENTÃO, HAVERIA REPOUSO PARA MIM. O conceito de sepultura para Jó era o de um lugar de repouso. Não a considerava como extinção, mas como um lugar de contínua existência pessoal (vv. 13-19; ver Sl 16.10, nota sobre o Sheol).

3.25 O QUE EU TEMIA ME VEIO. O maior desejo de Jó era gozar da presença e do favor de Deus; agora, acontecera aquilo que mais ele temia. Parecia que Deus o abandonara; e ele não tinha a mínima idéia da razão disso. Mesmo assim, Jó não blasfemou contra Deus; continuou orando a Ele, rogando sua misericórdia e socorro (6.8,9).
 

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NOTAS DE JÓ 4º

4.1 RESPONDEU ELIFAZ... E DISSE. O cap. 4 inicia o primeiro dos três ciclos principais de diálogos de Jó com Elifaz, Bildade e Zofar. Na leitura desses diálogos, observe o seguinte:

(1) Embora as palavras dos três amigos de Jó estejam registradas nas Escrituras, nem tudo que eles disseram é absolutamente correto. O Espírito Santo registrou suas palavras, mas não as inspirou. No fim do livro, o próprio Deus declarou que boa parte daquilo que eles falaram não era bom (42.7,8).

(2) Algumas afirmações deles são realmente verdadeiras, e são repetidas no NT (e.g., parte do que Elifaz diz em 5.13, acha-se em 1 Co 3.19).

(3) A teologia e a cosmovisão básicas desses conselheiros eram falhas. Eles criam

(a) que os verdadeiros justos sempre prosperarão, ao passo que os transgressores sempre sofrerão, e

(b) inversamente, a pobreza e o sofrimento sempre subentendem pecado, ao passo que prosperidade e sucesso subentendem retidão. Deus revelou posteriormente que tal atitude é errônea, e que o ponto de vista deles era "loucura" (42.7-9).

4.7 E ONDE FORAM OS SINCEROS DESTRUÍDOS? O conceito teológico de que os justos não perecerão e que os ímpios serão castigados é certo do ponto de vista da eternidade (ver Gl 6.7; Hb 10.13). No devido tempo haverá justiça. Aqui na terra, comumente não há retribuição justa, e os inocentes sofrem injustamente. Deixar de reconhecer essa verdade foi um grave erro de julgamento de Elifaz (e.g., Mt 23.35; Lc 13.4,5; Jo 9.1-3; 1 Pe 2.19,20).

4.13 VISÕES DA NOITE. Não está declarado que as visões de Elifaz vinham de Deus. De fato, não vinham de Deus, pois o descrevem como se Ele não se preocupasse com a raça humana (vv. 17-21). É um erro estabelecer teologia em sonhos e visões, sem apoio na revelação escrita de Deus.
 

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NOTAS DE JÓ 5º

5.17-27 O HOMEM A QUEM DEUS CASTIGA. Segundo a idéia de Elifaz, se Deus repreende uma pessoa e ela corresponde devidamente, Deus a livrará de todos os seus males e aflições.

(1) O autor de Hebreus refuta essa idéia enganosa, ao declarar que alguns dos maiores heróis da fé, do AT, foram perseguidos, despojados de todos os seus bens, afligidos, maltratados e até mesmo mortos. Esses justos nunca experimentaram total livramento nesta vida (Hb 11.36-39).

(2) A Bíblia não ensina, em parte alguma, que Deus eliminará da nossa vida todas as aflições e sofrimentos. Os santos nem sempre são poupados de sofrimentos nesta vida.
 

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NOTAS DE JÓ 6º

6.4 AS FLECHAS DO TODO-PODEROSO ESTÃO EM MIM. Jó reconhecia que seu sofrimento provinha, em última análise, da parte de Deus, ou pelo menos com seu conhecimento e permissão. Sua maior angústia era esta: Deus parecia estar contra ele, não sabendo  ele por quê. Quando o crente enfrenta o sofrimento enquanto se esforça sinceramente para agradar a Deus, não deve ceder à idéia de que Deus não se interessa mais por ele. Podemos não saber por que Deus permite que tais coisas aconteçam, mas podemos saber (como Jó) que por fim o próprio Deus nos fortalecerá, sustentará e nos fará vitoriosos (cf. Rm 8.35-39; Tg 5.11; 1 Pe 5.10).

6.10 NÃO REPULSEI AS PALAVRAS DO SANTO. Em todo o seu sofrimento, o alívio de Jó consistia no fato de que ele não se desviara do Senhor, nem negou as palavras de Deus. Desconhecendo qualquer pecado seu, deliberado ou involuntário, Jó afirmou sua inocência no decurso de todo o seu livro (ver 13.23; 16.17; 27.6), convicto de que sempre procurara honrar e obedecer a Deus. Por isso, ele podia regozijar-se, mesmo na dor.
 

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NOTAS DE JÓ 7º

7.1 JÓ DIRIGE-SE A DEUS. Jó deixou de lado seus amigos, que não compreendiam o que ocorria e passou a orar ao seu Senhor. O principal assunto de Jó em todos os seus discursos era Deus. Até mesmo quando ele falava de Deus na terceira pessoa, estava sempre consciente da sua presença. O coração de Jó nunca se apartou do Deus a quem ele amava.

7.11 NA ANGÚSTIA DO MEU ESPÍRITO. Jó repetidamente fala da angústia e da amargura do seu espírito e alma (cf. 10.1; 27.2). Foi um homem que muito sofreu em todos os aspectos da vida.

(1) Fisicamente, perdera suas riquezas, filhos e saúde (1.13-19; 2.7,8).

(2) Socialmente, ficou privado dos seus amigos e familiares (2.7,8; 19.13-19). Sofreu zombaria do público (16.10; 30.1-10), e foi abandonado por seus amigos mais chegados (6.14-23).

(3) Espiritualmente, sentia-se abandonado por Deus, crendo que o Senhor se voltara contra ele (vv. 17-19; 6.4). (4) Afligido em todos os sentidos, Jó experimentou uma imensa gama de emoções: ansiedade (vv. 4,13,14), incerteza (9.20), rejeição e traição (10.3; 12.4), medo (6.4; 9.28), solidão (19.13-19) e desespero, emoções que o levaram a desejar a morte (cap. 3).

7.16 RETIRA-TE DE MIM. Com sinceridade, Jó falou com Deus sobre seus sentimentos de injustiça, rejeição e dúvida. Até mesmo desejou que Deus se retirasse dele (vv. 16-19), embora noutras ocasiões ansiasse para Deus falar com ele (14.15; 23.3,5). Os fiéis que passarem por severas provações e sofrimentos devem expressar seus sentimentos abertamente a Deus em oração. Falarmos sinceramente com Deus, da nossa angústia e amargura, em atitude de submissão, não é errado. Ana derramou a sua alma diante do Senhor por causa da grande provocação que enfrentava (1 Sm 1.13-16). O próprio Jesus oferecia, "com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas" (Hb 5.7) e, por ocasião da sua morte, experimentou as trevas indescritíveis da separação de Deus (Mt 27.46).

7.20 SE PEQUEI. Jó considerava a possibilidade de seus conselheiros terem razão, e de Deus ter desencadeado a sua ira contra ele por causa de alguma transgressão desconhecida. O que Jó não sabia era que Deus realmente o estava observando, não com ira, mas com compaixão e amor. Embora sob prova até o seu limite, Jó se recusou firmemente a blasfemar contra Deus (cf. 2.9), e assim foi exaltado o poder libertador de Deus. No devido tempo, ao terminar a prova, Jó teve a aprovação de Deus publicamente (42.8).


 

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NOTAS DE JÓ 8º

8.6 SE FORES PURO E RETO. O argumento de Bildade era basicamente o mesmo de Elifaz. Se Jó realmente fosse justo, seria justificado por Deus. Mas Jó não estava sendo justificado por Deus, logo, ele devia ter pecado. Bildade argumentava que Deus, sendo justo, não causaria aflições numa pessoa justa (vv. 3,4,20). O erro de Bildade foi posteriormente manifesto pelo próprio Deus (42.7,8) e, em sentido pleno, na crucificação de Cristo, quando, então, Deus entregou seu próprio Filho ao sofrimento e à morte (Mt 27.31-50).

 

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NOTAS DE JÓ 9º

9.2 COMO SE JUSTIFICARIA O HOMEM PARA COM DEUS? No cap. 9, Jó reconheceu que não poderia ser perfeitamente justo diante de Deus. Compreendia que, pela sua própria natureza, era inclinado ao seu próprio eu e ao pecado, e que não era inculpável aos olhos de Deus (cf. 7.21). Mesmo assim, de todo o coração e alma, tinha resistido ao mal e se desviado dele (1.1,8; 2.3). Estava confiante de não ter pecado gravemente a ponto de merecer semelhante sofrimento (6.24; 7.20). Foi por isso que Jó se queixou que Deus o castigara sem motivo (vv. 16-20). Mesmo assim, a sua fé ainda se mantivera firme, pois persistia em invocar a Deus (ver 10.2,8-12; cf. Tg 5.11). Não blasfemou contra Deus (conforme Satanás predisse que ele faria - 1.11; 2.5), embora chegasse a falar palavras das quais se arrependeria depois (vv. 17,20,22,23,30,31; 42.3-6).

9.17 MULTIPLICA AS MINHAS CHAGAS SEM CAUSA. O mais difícil para Jó aceitar era o silêncio contínuo de Deus numa situação dolorosa que parecia não ter propósito. Deus, às vezes, permite passarmos por um período sombrio de provas no qual Ele permanece em silêncio e parecendo estar longe. Mesmo em meio às sombras do silêncio de Deus, Ele tem um plano para a nossa vida, e devemos continuar a confiar nEle.

9.33 NÃO HÁ ENTRE NÓS ÁRBITRO. Jó percebeu a necessidade de um mediador que pudesse ter uma das mãos ligada a ele, e a outra a Deus, unindo-os assim. Jesus Cristo tornou-se tal mediador, pois mediante sua morte e ressurreição, Ele nos restaura à comunhão com Deus (1 Tm 2.5; Hb 9.15).
 

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NOTAS DE JÓ 10º

10.1 FALAREI NA AMARGURA DA MINHA ALMA. No cap. 10, Jó continuou derramando diante de Deus sua amargura e seus sentimentos por ser tratado injustamente. Mas embora Jó sentisse que Deus retirara dele o seu amor, continuava mantendo sua confiança na justiça de Deus e também pleiteando com Deus uma solução para o seu dilema.

10.2 FAZE-ME SABER POR QUE CONTENDES COMIGO. Em nenhuma de suas orações, Jó pediu cura para seu corpo. A maior preocupação de Jó era o "por quê" do seu sofrimento e do aparente abandono por Deus do seu servo; saber disso era mais importante para Jó do que seus sofrimentos. Ser aceito por Deus como um dos seus, mesmo na adversidade, era a coisa mais vital na sua vida.

10.16 TU ME CAÇAS COMO A UM LEÃO FEROZ. Por estar sob severa aflição, Jó julgava que Deus estava contra ele. O NT provê uma revelação mais completa a respeito do sofrimento do cristão, mostrando que o crente pode até mesmo gloriar-se no sofrimento.
(1) Paulo escreveu aos Coríntios: "fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos" (2 Co 1.8). Mesmo na sua aflição, porém, o apóstolo bendizia a Deus, porque a sua presença e o seu Espírito estavam com ele para consolá-lo (2 Co 1.3,4,22). A maior glória do sofrimento de Paulo era que ele, assim, participava de alguma maneira das "aflições de Cristo" (2 Co 1.5; cf. 4.10; Fp 3.10; Cl 1.24; 1 Pe 4.13).

(2) Todos os grandes santos de Deus já verificaram a verdade bíblica que pertencer a Deus e ao seu reino não implicam necessariamente isenção de sofrimento terreno, mas em livramento para o sofrimento terreno com Cristo (ver Hb 13.12,13; Tg 5.10,11; 1 Pe 2.21; 4.1).
 

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NOTAS DE JÓ 11º

11.1 ZOFAR. Zofar foi áspero ao acusar Jó de hipocrisia (vv. 4-6) e de teimosia (vv. 13-20), e lhe disse que merecia sofrer ainda mais do que já sofrera (v. 6). Sustentava que se Jó se desviasse do pecado, seus sofrimentos cessariam imediatamente, e a segurança, a prosperidade e a felicidade voltariam (vv. 13-19). O discurso de Zofar contém graves erros teológicos. A Bíblia não garante em nenhum lugar uma vida aqui, "mais clara... do que o meio-dia" (v. 17) para o crente fiel. Pelo contrário, "por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus" (At 14.22).

 

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NOTAS DE JÓ 12º

12.5 TOCHA DESPREZÍVEL É, NA OPINIÃO DO QUE ESTÁ DESCANSADO. Jó condenou a maneira de pensar dos ricos. Desprezam os pobres e necessitados e justificam sua falta de compaixão por eles, supondo que os desafortunados causam seus próprios revezes. Ao mesmo tempo, os prósperos vivem à vontade como ricos, crendo que Deus os recompensou por sua fé e retidão. As duas suposições são errôneas, porque há muitas exceções entre o povo do reino de Deus.

12.13 COM ELE [DEUS] ESTÁ A SABEDORIA. Devemos crer que Deus é sábio e poderoso, e que seus métodos de tratar conosco são os melhores e mais seguros para alcançarmos o melhor para nós (cf. 9.4; 36.5; Is 40.26,28; Dn 2.20; Rm 16.25,27; ver Rm 8.28 nota).

(1) O crente nunca deve pensar que Deus nos prometeu uma vida, aqui, livre de problemas (cf. Sl 34.19). Deus pode enviar tanto alegria como tristeza, a fim de remover do crente o seu amor pelas coisas deste mundo e atrair esse amor a Ele mesmo.

(2) Deus dirige os acontecimentos na vida do crente dedicado, visando à sua santificação pessoal e desempenho do seu serviço no reino de Deus (cf. Jacó, em Gn 28-35; José, em Gn 37.28 nota; ver o estudo A PROVIDÊNCIA DE DIVINA).

(3) Nesta vida, os crentes nunca chegam a discernir completamente o propósito supremo de tudo que lhes acontece, nem lhes ficará sempre plenamente claro como Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem (Ec 3.11; 7.13; 11.5; Rm 8.28). Nas situações em que não conseguimos compreender plenamente o método de Deus para conosco, devemos entregar-nos a Ele como nosso Pai celestial, como Cristo fez no dia da sua crucificação (cf. Mt 27.46; Lc 23.46).
 

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NOTAS DE JÓ 13º

13.15 AINDA QUE ELE ME MATE, NELE ESPERAREI. Esta é uma das mais admiráveis declarações de fé na bondade de Deus já pronunciadas. Não importava o que Deus permitisse que acontecesse a Jó, fosse qual fosse o fardo que Deus pusesse sobre ele; mesmo que o "matasse", Jó cria que, por fim, Deus não falharia com ele. Paulo expressou essa mesma confiança no amor de Deus pelos que lhe são fiéis (Rm 8). Mesmo que o Senhor retire um conforto após outro, ainda que a saúde se arruíne, e aflições seguidas venham sobre nós, podemos, mediante a graça de Jesus Cristo e o poder da sua morte salvífica, confiar em Deus com fé inabalável, seguros de que Ele é reto, justo e bom (ver Rm 8.37-39).
 

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NOTAS DE JÓ 14º

14.1 CHEIO DE INQUIETAÇÃO. Para o crente, uma vida "cheia de inquietação" pode ser o resultado de perseguição, injustiça, pobreza, pouca saúde, ou oposição de Satanás à sua luta de fé (ver o estudo O SOFRIMENTO DOS JUSTOS). Deus quer que todos os crentes que estão sob sofrimento e opressão neste mundo saibam que está chegando o dia da ressurreição (ver a nota seguinte) e da vitória, quando, então, estarão com Deus para sempre (ver Ap 21.1,4 notas). Naquela ocasião, verificarão diretamente que "as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada" (ver Rm 8.18 nota)

14.14 MORRENDO O HOMEM, PORVENTURA, TORNARÁ A VIVER? Jó cria que, depois de morto, estando no Seol (v. 13), Deus o traria à vida de novo (v. 15; cf. 1 Co 15.20; 1 Ts 4.16,17); noutras palavras, Jó expressou sua esperança numa ressurreição pessoal (ver 19.25,26 notas). A base dessa sólida expectativa era o intenso amor de Deus pelo seu povo, como diz o versículo 15: "afeiçoa-te à obra de tuas mãos". Por um momento, Jó estendeu a mão a Deus numa grandiosa expressão de fé.
 

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NOTAS DE JÓ 15º

15.1 ENTÃO, RESPONDEU ELIFAZ. Nos caps. 15-21 os quatro participantes continuaram a sua argumentação, prosseguindo sobre o que tinham dito antes, só que com mais veemência. Jó se apegou resolutamente a Deus, e ao mesmo tempo afirmando a sua própria inocência e a aparente injustiça da sua calamidade (e.g., 16.19-21).
 

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NOTAS DE JÓ 16º

16.9 NA SUA IRA, ME DESPEDAÇOU. O terrível sofrimento de Jó levou-o a ver Deus como um tirano cruel, ao invés de um Senhor misericordioso. Sua convicção de que vivera de modo justo e puro (v. 17) levou-o a questionar a justiça de Deus (cf. 19.6). Mesmo assim, Jó também manteve firme a sua crença de que Deus era realmente justo; por isso, se tão-somente pudesse entrar em contato direto com Ele (cf. 13.13-27; 23.1-7) ou achar alguém que defendesse a sua causa (ver 9.33 nota), Deus como sua testemunha confirmaria a sua inocência (vv. 19-21; ver a nota seguinte).

16.19 AGORA, ESTÁ A MINHA TESTEMUNHA NO CÉU. Jó, pela fé, sobrepôs-se às suas dúvidas a respeito da bondade de Deus, pois declarou que o próprio Deus daria testemunho da sua inocência. Ansiava que Deus intercedesse por ele no tribunal celestial de justiça. O anseio por um mediador perante Deus, em nossa defesa, realizou-se em Jesus Cristo, através de quem Deus "nos reconciliou consigo mesmo" (2 Co 5.18); "temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo" (1 Jo 2.1).

 

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NOTAS DE JÓ 17º

17.1 O MEU ESPÍRITO SE VAI CONSUMINDO. Jó, como um homem esmagado pela dor, estava convicto de que morreria dentro em breve. Julgava-se um homem abandonado por Deus e como objeto de desprezo dos seus companheiros. Jó não podia fazer outra coisa, a não ser perseverar na convicção da integridade da sua causa (v. 9), e manter confiança na justiça de Deus, apesar de tudo parecer contrário (16.19-22).
 

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NOTAS DE JÓ 19º

19.11 COMO UM DE SEUS INIMIGOS. Jó agora sucumbiu ao grave erro de pensar que Deus era a causa direta de seus sofrimentos (cf. vv. 8-13).

(1) Ele cria que Deus se tornara seu inimigo e que se comprazia em permitir tormento e agonia sobre ele. Jó não percebia que Satanás era a causa da sua prolongada calamidade. Embora Deus permitisse que Satanás prejudicasse a Jó, entretanto, era ele, o diabo, quem infligia o sofrimento cruel.

(2) O crente não deve culpar a Deus por aquilo que Ele apenas permite. Neste mundo acontece muita coisa má; Deus não tem prazer em contemplá-las. Tragédias acontecem entre os seus filhos, as quais Ele permite, com pesar e compaixão (ver 1 Tm 2.4 nota; ver o estudo A VONTADE DE DEUS)

19.25 EU SEI QUE O MEU REDENTOR VIVE. No meio do seu sofrimento e desespero, Jó se apegava a Deus com grande fé, crendo que o Senhor o vindicaria afinal (cf. 13.15; 14.14,15). Jó tinha Deus como seu "Redentor" ou ajudador. Nos tempos bíblicos, um "redentor" era um parente que, com grande afeição, fazia-se presente para proteger, defender e ajudar a sanar problemas de um parente sofredor (ver Lv 25.25; Dt 25.5-10; Rt 1-4; ver Gn 48.16; Ex 6.6; Is 43.1; Os 13.14).

19.25 E QUE POR FIM SE LEVANTARÁ SOBRE A TERRA. Pela inspiração do Espírito Santo, o testemunho de Jó prenunciava Jesus Cristo como o Redentor que viria salvar seu povo do pecado e da condenação (Rm 3.24; Gl 3.13; 4.5; Ef 1.7; Tt 2.14), livrar os seus do medo da morte (Hb 2.14,15; Rm 8.23), dar-lhes a vida eterna (Jo 3.16; Rm 6.23), livrá-los da ira vindoura (1 Ts 1.10) e publicamente vindicá-los (Ap 19.11-21; 20.1-6). Aqui, Jó estava predizendo a manifestação visível desse Redentor divino.

19.26 AINDA EM MINHA CARNE VEREI A DEUS. Jó expressou profeticamente a certeza de que, depois de seu corpo se desfazer no sepulcro, ele seria fisicamente ressuscitado e, em seu corpo redivivo, contemplaria o seu Redentor. Aqui temos, de forma básica, a revelação de Deus a respeito da futura vinda de Cristo no fim dos tempos, a ressurreição dentre os mortos e a vindicação final de todos os fiéis de Deus (ver nota anterior; cf. Sl 16.10; 49.15; Is 26.19; Dn 12.2; Os 13.14; ver o estudo A MORTE)

19.27 VÊ-LO-EI POR MIM MESMO. O anseio que Jó sentia por ver seu Deus-Redentor em muito excedia a todos os demais desejos expressos neste livro (ver 23.3 nota). Jó aspirava pelo dia em que pudesse ver a face do Senhor, plenamente redimido.
Semelhantemente, os crentes do NT anseiam pela vinda do seu Salvador (1 Co 1.7; 2 Tm 4.8) e pelo dia da consumação, quando, então, estará "o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles", e "verão o seu rosto" (Ap 21.3; 22.4).

 

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NOTAS DE JÓ 21º

21.7 PORQUE... VIVEM OS ÍMPIOS... SE ESFORÇAM EM PODER? Jó questionava as desigualdades da vida, mormente a prosperidade, o sucesso e alegria de muitos dos ímpios. O Salmo 73 enfoca esse problema teológico. Às vezes, os "limpos de coração" são "afligidos" (Sl 73.1,14), ao passo que os ímpios prosperam e não sofrem "apertos" (Sl 73.3-5). Deus responde, ao revelar o destino final, tanto dos justos como dos ímpios (Sl 73.16-28). Por fim, Deus, na sua justiça, porá todas as coisas em ordem, e retribuirá a todos, segundo os atos de cada um e seu amor à verdade (Rm 2.5-11). Os ímpios não permanecerão sem castigo, e os justos não serão deixados sem justiça e galardão (Rm 2.5-11; Ap 2.10).
 

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NOTAS DE JÓ 22º

22.21-30 ASSIM, TE SOBREVIRÁ O BEM. Elifaz apelou a Jó com uma doutrina tradicional, porém simplista, de arrependimento: se Jó resolvesse voltar para Deus, receber instrução da sua palavra, humilhar-se e afastar-se do pecado, e deixar de confiar nas coisas terrenas e fazer do Todo-poderoso o seu deleite, então com certeza Deus o livraria de todas as aflições; suas orações seriam atendidas, e teria sucesso em todos os seus esforços. Elifaz, porém, estava equivocado em três aspectos:

(1) O arrependimento e a salvação nem sempre resultam em prosperidade material e física. Às vezes, homens e mulheres de fé, por causa da sua fidelidade, são "desamparados, aflitos e maltratados" (Hb 11.37); embora crendo nas promessas de Deus, todavia no presente não alcançam o cumprimento da "promessa" (Hb 11.39).

(2) Ao exortar Jó a arrepender-se a fim de recuperar a sua saúde e prosperidade, Elifaz estava inconscientemente pondo-se ao lado de Satanás e concordando com as acusações deste contra Jó e Deus. Satanás tinha antes acusado Jó de servir a Deus apenas em troca daquilo que podia obter dEle (1.9-11). Note que se Jó se arrependesse de algum suposto pecado para obter a bênção de Deus, então poderia de fato ser acusado de servir a Deus, apenas visando proveito pessoal.

(3) Embora as palavras de Elifaz expressem com eloqüência a importância do arrependimento, foram ditas sob motivação errada. Não havia no coração de Elifaz o mínimo de solidariedade por Jó ante seus sofrimentos. Essa falha de Elifaz demonstra que a mensagem de arrependimento que se leva aos fracos e sofredores deve estar acompanhada de palavras de consolo e compaixão.

 

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NOTAS DE JÓ 23º

23.3 AH! SE EU SOUBESSE QUE O PODERIA ACHAR! Durante toda a experiência dos sofrimentos de Jó, seu maior anseio era pela presença do seu Senhor.

(1) Raramente Jó mencionou a perda de suas riquezas; simplesmente aludiu à sua profunda tristeza pela perda de seus filhos; era a perda da presença de Deus o que ele lamentava. Em todos os seus sofrimentos ele desejava achar a Deus e ter novamente comunhão com Ele (cf. -13.24; 16.19-21; 29.2-5).

(2) Esse mesmo anseio por Deus deve assinalar todos os verdadeiros crentes. "Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo" (Sl 42.1,2). E também: "Ó Deus, tu és o meu Deus; de madrugada te buscarei; a minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água" (Sl 63.1).

23.10-12 PROVE-ME, E SAIREI COMO O OURO. Jó estava confiante de que Deus ainda cuidava da sua vida e que sabia que nenhuma adversidade afastaria Jó da sua lealdade a Ele.

(1) Jó considerava seu sofrimento como uma prova da sua fé no Senhor e do seu amor por Ele. Sua prova era semelhante àquela de Abraão, quando lhe foi ordenado sacrificar seu filho Isaque (Gn 22).

(2) O próprio Jesus Cristo foi provado pelo sofrimento que suportou (Hb 5.8) e, por isso, Ele agora é nosso padrão e exemplo (1 Pe 2.21); nós, como seus seguidores, devemos andar em seus passos (Hb 13.12,13).

(3) A convicção firme de Jó, de que seria aprovado no teste e que nunca abandonaria o seu Senhor, baseava-se em:

(a) sua obediência fiel no passado (vv. 11-12),

(b) seu amor à Palavra de Deus (v. 12) e

(c) seu reverente temor a Deus (vv. 13-15). Semelhantemente, o crente no NT deve manter a firme resolução de nunca apartar-se da obediência a Deus; antes, temer as conseqüências da iniqüidade e amar a Palavra de Deus mais do que o pão de cada dia (cf. Sl 40.8; 119.11; ver Tg 1.21 nota).

 

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NOTAS DE JÓ 27º

27.4 NÃO FALARÃO OS MEUS LÁBIOS INIQÜIDADE. Jó é um dos maiores exemplos de firmeza de convicção, de apego à retidão e de perseverança na fé (ver Tg 5.11). Sua determinação inabalável de manter a sua integridade e de permanecer fiel a Deus não tem paralelo na história da salvação dos fiéis. Nenhuma tentação, sofrimento, ou aparente silêncio da parte de Deus podia afastá-lo da sua lealdade a Deus e à sua palavra. Recusou-se a blasfemar contra Deus e morrer (2.9).

(1) Semelhantemente, o crente do NT deve ter esta mesma e única resolução nas tentações, tristezas e nos dias sombrios da vida. Com uma firme convicção, deve continuar resoluto na sua fé, firme até o fim (Cl 1.23). Nunca deve recuar e abandonar a fé, enquanto viver, mas permanecer em tudo fiel à Palavra de Deus e ao seu amor. Deve "sempre ter uma -consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens" (At 24.16; cf. 23.1; 1 Co 4.4; 2 Tm 1.3; 1 Jo 3.21).

(2) Essa decisão de permanecer fiel a Deus e inabalável na fé, esperança e amor não é uma opção para o crente (Hb 3.14; 10.35-39; Jd 21). Fazer assim é a sua salvaguarda contra o naufrágio na fé, ante às intensas perseguições, tentações e ataques de Satanás (1 Tm 1.18-20; cf. 6.11-14; 2 Tm 4.5-8; ver Fp 3.8-16).

(3) Deus, por sua parte, promete pelo seu poder guardar os seus fiéis e preservá-los na sua graça, para que obtenham "a salvação já prestes para se revelar no último tempo" (ver 1 Pe 1.5 nota).
 

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NOTAS DE JÓ 28º

28.28 O TEMOR DO SENHOR É A SABEDORIA. O temor de Deus e a reverência por Ele são fundamentais no relacionamento do crente com Deus (Sl 61.5; Pv 1.7).

(1) O temor do Senhor nos torna cuidadosos e alertas para não ofendermos nosso Deus santo. Sem esse fundamento, não existe sabedoria genuína, e nenhuma experiência salvífica resistirá às provas do tempo e da tentação.

(2) O real temor de Deus e a real sabedoria bíblica fazem o crente abster-se do mal, e produzem "consolação do Espírito Santo" (ver At 9.31 nota).

(3) Temer a Deus e continuar em pecado é uma impossibilidade moral. A pessoa que apregoa a majestade de Deus e a sua oposição ao mal será notada por seu esforço sincero, decisivo e total de separar-se do pecado (Sl 4.4; Pv 3.7; 8.13; 16.6; Is 1.16) e de obedecer a Palavra de Deus (Sl 112.1; 119.63; Pv 14.2,16; 2 Co 7.1; Ef 5.21; 1 Pe 1.17; ver o estudo O TEMOR DO SENHOR)
 

 

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NOTAS DE JÓ 29º

29.2 AH! QUEM ME DERA SER COMO EU FUI... COMO NOS DIAS EM QUE DEUS ME GUARDAVA! Jó prosseguia no seu desejo de ter a comunhão com Deus que dantes desfrutava (ver 23.3 nota). Ansiava por

(1) o cuidado e proteção especiais de Deus (cf. Nm 6. 24-26; Sl 91.11; 121.7,8);

(2) a candeia de Deus para lhe mostrar o caminho nas situações obscuras ou difíceis (v. 3);

(3) a íntima comunhão e amor de Deus (vv. 4,5; cf. Pv 3.32); (4) a graça de Deus para lhe ajudar a praticar o bem (vv. 12-17); e (5) sabedoria para compartilhar com os outros (vv. 21-25). Aquilo que Deus era para Jó, Ele promete ser para todos os que crêem no Senhor Jesus Cristo (ver Jo 15.15; Rm 8.1,31,33; 2 Ts 3.3; 1 Pe 3.13).
 

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NOTAS DE JÓ 30º

30.20 CLAMO A TI, MAS TU NÃO ME RESPONDES. Todos os filhos de Deus têm essa experiência em algum momento da sua vida com Ele; uma ocasião em que clamam a Deus por socorro e Ele parece não ouvir. Até mesmo o Senhor Jesus Cristo passou por tal experiência (Mt 27.46).

(1) Através dessa experiência, nossa fé é provada. Em tais ocasiões, não devemos deixar de perseverar na fé (ver Mt 15.21-28; Lc 18.1-7; 1 Pe 1.7).

(2) Sabemos, pelo modo como Deus lidou com Jó e com todos os crentes fiéis no decurso da história, que nenhum verdadeiro seguidor do Senhor é jamais abandonado por Ele (Hb 13.5), e nenhuma oração sincera jamais deixa de ser ouvida (cf. Hb 10.32-39).
 

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NOTAS DE JÓ 31º

31.1-34 FIZ CONCERTO COM OS MEUS OLHOS. Nesta seção, Jó passou em revista sua sólida integridade espiritual, sua fidelidade a Deus e sua bondade para com o próximo.

(1) As declarações de Jó a respeito da obra redentora de Deus nele abrangiam todos os aspectos da vida. Falou da sua inocência quanto aos pecados do coração, inclusive a sensualidade e pensamentos impuros (vv. 1-4), mentira e engano para proveito pessoal (vv. 5-8), e a infidelidade conjugal (vv. 9-12). Falou do seu modo justo de tratar os empregados (vv. 13-15) e seus cuidados dos pobres e necessitados (vv. 16-23). Afirmou que estava livre da cobiça (vv. 24-25), da idolatria (vv. 26-28), da vingança (vv. 29-32) e da hipocrisia (vv. 33,34).

(2) O caráter moral e a pureza de coração e da vida, aqui descritos, servem de um magnífico exemplo para todo crente. A vida piedosa que Jó vivia antes do novo concerto pode ser ricamente experimentada por todos aqueles que crêem em Cristo, mediante o poder salvífico da sua morte e ressurreição (Rm 8.1-17; Gl 2.20).

31.1 FIZ CONCERTO COM OS MEUS OLHOS; COMO, POIS, OS FIXARIA NUMA VIRGEM? Jó observava o padrão de santidade interior que Cristo expressou no sermão da montanha (Mt 5.28). Jó tinha feito um concerto com seus olhos para evitar desejos -sensuais estimulantes de quem olha fixamente com malícia para uma jovem (cf. Gn 3.6; Nm 15.39). Ele sabia que a sensualidade desagradaria ao seu Senhor e arruinaria a sua vida espiritual (vv. 2-4).

31.13 O DIREITO DO MEU SERVO OU DA MINHA SERVA. O modo de Jó tratar seus empregados exemplifica como os patrões devem cuidar dos seus. Tratava seus trabalhadores com eqüidade, bondade e igualdade; ouvia-os e atendia qualquer queixa justa (cf. Lv 25.42,43,55; Dt 15.12-15; 16.12). Jó sabia que um dia teria de prestar contas a Deus pelo modo como ele tratava os outros (v. 14; ver Cl 3.25 nota).

 

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NOTAS DE JÓ 32º

32.2 ELIÚ. Um novo conselheiro, Eliú, surge agora na narrativa. Até aqui tinha evitado expressar sua opinião, porque era mais jovem do que os outros (v. 4). Ele estava seguro que conhecia as causas do sofrimento de Jó e que podia instruí-lo quanto à atitude certa que deveria manter diante de Deus. O discurso de Eliú difere dos três primeiros conselheiros, ao salientar que o sofrimento pode ser uma misericordiosa correção divina para iluminar a alma (33.30) e dar lugar a uma comunhão mais profunda com Deus (36.7-10). Eliú, todavia, como os demais conselheiros, julgava que Jó pecara, e por isso merecia o seu sofrimento.

32.8 HÁ UM ESPÍRITO NO HOMEM. Apesar de Eliú alegar que tinha discernimento espiritual da parte de Deus (cf. 33.4), isso não quer dizer que suas declarações e teologia sejam infalíveis. Algumas apresentam muito discernimento; outras estão aquém da revelação bíblica.
 

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NOTAS DE JÓ 33º

33.9 LIMPO ESTOU, SEM TRANSGRESSÃO. Eliú declarou, falsamente, que Jó dizia ter perfeição moral, i.e., que não falhara em toda a sua vida. Jó nunca afirmou que era impecável (ver 13.26), mas tão-somente que tinha seguido os caminhos do Senhor de todo o coração, e que não se recordava de ter cometido uma transgressão tão grave que merecesse um castigo tão severo (27.5,6; 31.1-40).
 

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NOTAS DE JÓ 34º

34.37 AO SEU PECADO ACRESCENTA A TRANSGRESSÃO. Eliú julgava que Jó, ao levantar questionamentos e queixumes contra Deus (19.6; 27.2), demonstrava rebelião aberta contra Deus. Apesar de Jó ter errado gravemente nas suas queixas contra Deus, seu coração estava firme nEle como seu Senhor (19.25-27; 23.8-12; 27.1-6). No seu zelo de isentar a Deus de qualquer culpa, Eliú não compreendeu plenamente a necessidade de Jó expressar seus sentimentos mais profundos diante de Deus (cf. Sl 42.9; 43.2).
 

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NOTAS DE JÓ 35º

35.6 SE PECARES, QUE EFETUARÁS CONTRA ELE? Eliú cria que Deus está tão distanciado de nós (v. 5), que nossos pecados ou retidão não têm efeito sobre Ele.

(1) A concepção de Eliú é errônea. A Bíblia revela que Deus sente emoções. Ele pode sentir mágoa quando o ser humano rejeita o seu amor. Quando lhe desobedecem e pecam, Ele sente profundo pesar (Gn 6.6; Sl 78.40; Lc 19.41-44; Ef 4.30).

(2) Quando, porém, o povo de Deus com fidelidade o segue em amor, obediência e lealdade, Ele muito se agrada (2 Co 9.7).
Deus cuida dos seus com sentimento profundo, e os acolhe nos seus braços como um pastor (Is 40.11) e os ama com uma ternura maior do que a de uma mãe (Is 49.15). Note a expressão maravilhosa da benignidade de Deus registrada por Isaías: "Em toda a angústia deles foi ele angustiado, e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela sua compaixão, ele os remiu e os tomou, e os conduziu todos os dias da Antigüidade" (Is 63.9; cf. Is 53; Hb 4.14,15).
 

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NOTAS DE JÓ 38º

38.1 DEPOIS DISTO, O SENHOR RESPONDEU A JÓ. Agora foi o próprio Deus quem se dirigiu a Jó. Deus revelou a ignorância de Jó quanto ao propósito divino em tudo quanto estava acontecendo. Jó ficou perplexo ao perceber quão pouco os seres humanos realmente sabem e conhecem a respeito do Todo-poderoso. Por outro lado, vemos primeiramente na resposta de Deus a Jó, sua presença, misericórdia e amor para com ele.

(1) A oração constante de Jó, e seu mais profundo anseio para achar a Deus, foram por fim atendidos (ver 23.3 nota; 29.2 nota), confirmando que tudo continuava bem entre ele e seu Senhor.

(2) A resposta do Senhor ao seu servo Jó mostra que chegará o dia em que Deus responderá a todos quantos o invocam com sinceridade e perseverança; mesmo que nossas orações partam de um coração confuso, duvidoso, frustrado ou revoltado, Deus por fim responderá com sua presença, seu consolo e palavra.

(3) O aspecto mais importante em nossa comunhão com Deus não é a compreensão racional de todos os caminhos de Deus mas, sim, a experiência e realidade da sua divina presença e a certeza de que tudo está bem entre nós e Ele. Estando nós em comunhão com Deus, poderemos suportar qualquer provação que tivermos de enfrentar.

38.3 CINGE OS TEUS LOMBOS COMO HOMEM. As palavras que Deus falou a Jó são extraordinárias pelo que enunciam e pelo que não -enunciam. (1) É surpreendente que ninguém jamais explicou a Jó por que ele sofria. Ele nunca soube que seu sofrimento abrangia assuntos tão relevantes como a integridade e justificação da obra divina redentora entre a caída raça humana (ver 1.8,9 notas). O silêncio de Deus nesse assunto indica que a razão do sofrimento de Jó não era o assunto mais importante em jogo. (2) Tampouco Deus não fez menção das impensadas e extremadas palavras de Jó nos seus discursos. Deus não o repreendeu duramente, nem levou em conta a sua precipitação. Deus compreendia o sofrimento de Jó e usou de compaixão quanto às suas palavras e sentimentos.

38.4 QUANDO EU FUNDAVA A TERRA. As palavras de Deus no livro de Jó versam totalmente sobre o mundo natural, i.e., a criação e a natureza. Deus descreve o enigma e a complexidade do universo, e revela que seu método de governar o mundo ultrapassa em muito a nossa capacidade de entender. Deus queria que Jó soubesse que sua atividade no âmbito da natureza é análoga ao seu governo na esfera moral e espiritual do universo, e que nesta vida o homem não terá uma compreensão total dos caminhos de Deus.
Mas o livro de Jó realmente revela que quando finalmente a verdade completa for conhecida, ver-se-á que os caminhos e atos de Deus são retos e justos.

38.4 FAZE-MO SABER, SE TENS INTELIGÊNCIA. Deus repreendeu Jó por falar sem conhecimento (v. 2) e humilhou aquele seu servo sofredor, levando-o a reconhecer que o raciocínio humano não pode rivalizar com o de Deus, infinito e eterno (cf. 40.1-5). Sem rejeitar as declarações de Jó quanto à sua própria integridade, Deus contestou a suposição de Jó que Deus não estaria governando o mundo com justiça (e.g., caps. 21; 24). Mesmo assim, Deus a seguir afirmou que Jó nos seus diálogos com os conselheiros tinha falado corretamente a respeito dEle (42.7). Noutras palavras, Deus considerou o erro de julgamento de Jó como oriundo da falta de
conhecimento, e não de um fracasso na fé, nem falta de amor sincero por seu Senhor.
 

 

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NOTAS DE JÓ 39º

39.1 SABES TU O TEMPO...? Deus continuou a interrogar Jó com perguntas que este não sabia responder. Ao fazer assim, Deus demonstrou a Jó que era uma insensatez ele querer argumentar com Deus. Jó humilhou-se e ficou em silêncio, porém foi reconfortado com a certeza da coisa mais importante Deus não o abandonara. O Senhor estava ali, face a face.

39.2 CONTARÁS OS MESES? Se Deus podia levar Jó a reconhecer suas próprias limitações humanas quanto à compreensão dos caminhos de Deus no mundo, também podia persuadi-lo que Ele é justo e misericordioso, mesmo que Jó não compreendesse a maneira de Deus operar na sua vida.
 

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NOTAS DE JÓ 40º

40.2 PORVENTURA, O CONTENDER CONTRA O TODO-PODEROSO É ENSINAR? Deus mais uma vez reptou Jó a comprovar o seu alegado de que Ele governava o mundo de modo impróprio.

(1) Se Jó não conseguia compreender como funciona a criação feita por Deus, nem entender como e por que as coisas acontecem, como pensaria em questionar a Deus, quanto a sua gestão dos assuntos da humanidade, inclusive o sofrimento que Deus permitiu que ele (Jó) experimentasse? (2) Deus estava demonstrando ao seu servo sofredor que Ele criara o mundo com sabedoria, e que o governava com sabedoria e justiça. O infortúnio de Jó não significava que Deus tinha deixado de amar o seu fiel servo. (3) O sofrimento dos justos não põe em dúvida a bondade de Deus. Tal sofrimento está sob a vontade permissiva de Deus, permitida para seus propósitos sábios, porém nem sempre por nós conhecidos (ver o estudo A VONTADE DE DEUS). Circunstâncias adversas não devem extinguir nossa fé no amor de Deus por nós; Ele as permite visando ao nosso sumo bem (Rm 8.28 nota)

40.3 ENTÃO, JÓ RESPONDEU AO SENHOR. Jó agora teria que decidir se ia continuar aceitando que Deus fora injusto com ele, tendo em vista seus anos de fiel adoração a Deus e de obediência à sua Palavra. Persistiria Jó em confiar em Deus, apesar das circunstâncias insinuarem que Deus era injusto e arbitrário, ou continuaria firme na convicção de que Deus parecia ser seu inimigo?

40.4 A MINHA MÃO PONHO NA MINHA BOCA. Jó ficou extasiado ante esta nova revelação de Deus. Compreendeu quão insignificantes os seres humanos são, diante da sabedoria oculta de Deus (cf. 1 Co 2.7), e viu que não poderia continuar a falar.
Mesmo assim, Jó não estava totalmente disposto a abrir mão do seu ponto de vista, que algo estava errado na maneira de Deus agir com ele (a resposta final de Jó está em 42.2-6). Mesmo assim, Jó estava chegando a compreender que seu estranho e misterioso sofrimento não fora um mistério para Deus, e que ao longo dele era possível -confiar em Deus.

40.6 ENTÃO, O SENHOR RESPONDEU A JÓ. A fim de levar Jó a uma plena submissão ao seu senhorio e caminhos, Deus continuou o seu argumento. Ele queria neutralizar o que restava da resistência de Jó e levá-lo à plena compreensão do seu amor. Essa persistência amorosa da parte de Deus revela sua paciência, misericórdia e seu irrestrito cuidado pelos sofredores.

40.8 OU ME CONDENARÁS...? O arrazoado de Jó, de que ele era inocente e que Deus o estava castigando de modo injusto (ver 19.6), por pouco não o levou a acusar a Deus. O Senhor perguntou a Jó expressamente, se este ia continuar a manter sua limitada visão do governo divino do mundo, e desta forma rejeitar sua justiça e bondade.

40.15 BEEMOTE. Muitos comentaristas identificam o beemote com o hipopótamo; já o leviatã (cap. 41) é geralmente identificado com o crocodilo gigante ou a baleia. Através dessas ilustrações, Deus ressalta que se Jó não podia domar os grandes animais do mundo, não tinha condições de questionar e de instruir o Deus que criara esses animais (41.10). Jó precisava submeter-se, confiante, ao governo de Deus sobre o universo, e sobre os eventos da humanidade e da vida dos seus seguidores. Precisava confiar em Deus e manter a sua fé nEle tanto nos sofrimentos e aflições da vida, como na época de bênçãos.
 

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NOTAS DE JÓ 42º

42.1 ENTÃO, RESPONDEU JÓ AO SENHOR. A última resposta de Jó a Deus foi de absoluta humildade e submissão à sua revelação. Confessou

(1) que Deus faz tudo bem;

(2) que em tudo que Deus permite acontecer, Ele procede com sabedoria e propósito; e, portanto,

(3) até o sofrimento dos justos tem sentido e propósito divinos.

42.3 FALEI DO QUE NÃO ENTENDIA. Jó reconheceu que os caminhos de Deus estão além da compreensão humana e que por falta de entendimento seu, ele declarara que eram injustos.

(1) Note que Jó, no seu sofrimento e nas suas orações, não pecou contra Deus.
Mesmo assim, sua falta de entendimento e suas queixas contra Deus quase o levaram ao orgulho e à crença de que Deus, em certo sentido, não era perfeitamente bom. Agora, com a manifestação e revelação do seu Senhor (cf. v. 5), sua perspectiva mudou completamente.

(2) Jó reconheceu o seu erro, e agora estava disposto a obedecer e servir a Deus, não importando o que viesse a acontecer-lhe. Temeria e amaria a Deus por causa dEle mesmo, com ou sem saúde, independente de qualquer vantagem pessoal.

(3) Jó, ao submeter-se totalmente a Deus com fé, esperança e amor, mesmo ainda sofrendo, sem saber o por quê de tudo, comprovou que a acusação de Satanás era falsa (1.9-11) e assim vindicou o poder de Deus para redimir a raça humana e reconciliá-la consigo mesmo (ver 1.8,9 notas).

42.5 AGORA TE VÊEM OS MEUS OLHOS. Jó tinha orado, anteriormente, para ver seu Redentor (19.27); agora foi atendido este seu anseio. A Palavra de Deus e a sua presença deram a Jó uma revelação melhor dos seus caminhos e caráter. Através dessa experiência pessoal, Jó foi transformado por uma disposição de perdoar, uma renovada confiança na bondade de Deus e uma experiência do amor divino que lhe transmitia confiança.

(1) O aparecimento de Deus a Jó foi uma evidência da retidão deste, e é uma garantia a todos os fiéis de que o Senhor considera as nossas sinceras indagações ao enfrentarmos provações e sofrimento sem explicação.

(2) Deus é paciente com os seus, e deles se compadece em suas fraquezas, seus equívocos e mesmo rancor (Hb 4.15).
Em casos como o de Jó, se perseverarmos, Deus manifestará sua presença e nos dispensará o seu cuidado.

42.6 ME ARREPENDO NO PÓ E NA CINZA. Jó, diante da revelação de Deus, humilhou-se arrependido. A palavra "arrependo", aqui, indica que Jó se considerou, bem como a sua retidão moral, como simples "pó e cinza", diante de um Deus santo (cf. Is 6). Jó não negou o que afirmara da sua vida de retidão e integridade moral, mas realmente reconheceu que é inadmissível o homem, finito que é, reclamar e queixar-se de Deus, e arrependeu-se disso (cf. Gn 18.27).

42.7 ACABANDO O SENHOR DE DIZER. Embora o livro de Jó não ofereça uma explicação final para o problema do sofrimento imerecido pelo justo, a resposta cabal não está em argumento teológico, mas num encontro pessoal entre Deus e o justo sofredor (como no caso de Jó).

(1) Somente a presença pessoal de um Deus que consola e que vela pelas pessoas pode nos dar confiança na sua graça e propósito para a nossa vida. Aos que crêem em Cristo, Deus lhes envia o Espírito Santo como Ajudador e Consolador (ver Jo 14.16 nota).

(2) A presença de Deus, pelo Espírito Santo, nos ensina que podemos ter confiança no amor de Deus, quer na adversidade, quer na bênção. O Espírito nos transmite a presença de Cristo e nos aponta a cruz, mediante a qual temos a garantia de que Deus é por nós e que Ele visa o melhor para nós (ver Rm 8.28 nota).

42.7 PORQUE NÃO DISSESTES DE MIM O QUE ERA RETO. O Senhor reprovou os três amigos de Jó pela sua falsa teologia da prosperidade e do sofrimento, evidente nas suas acusações contra Jó. Os três principais erros deles foram:

(1) Ensinavam um princípio retributivo da prosperidade e do sofrimento que os justos sempre são abençoados e que os ímpios são castigados (ver Jo 9.3 nota).

(2) Insistiam que Jó confessasse um pecado que ele não cometera, para livrar-se do sofrimento e receber a bênção divina. Pelo teor do seu conselho, eles tentaram Jó a voltar-se para Deus, visando ao proveito pessoal. Se Jó tomasse o conselho deles, teria

(a) invalidado a confiança de Deus nele, e

(b) confirmado a acusação de Satanás, de que Jó temia a Deus apenas em troca de bênçãos e vantagens.

(3) Falaram com arrogância, alegando terem aprovação divina para sua doutrina e teologia falsas.

42.7 RETO, COMO O MEU SERVO JÓ. Deus declarou que aquilo que Jó dissera estava correto. Isso não significa que tudo quanto Jó dissera era plenamente certo, mas que as respostas de Jó aos seus amigos eram inteiramente justas diante de Deus e que sua atitude lhe agradava. Deus às vezes tolera falhas em nossas orações e também nos permite questionar seus caminhos, estando o nosso coração sincero e realmente entregue a Ele.

42.8 MEU SERVO JÓ. Deus chama Jó "meu servo" (vv. 7,8) e afirma duas vezes que sua oração foi aceita (vv. 8,9). Jó foi plenamente restaurado ao estado de graça diante de Deus, e obteve autoridade espiritual com Deus. Deus atendera a oração intercessória de Jó pelos seus amigos, face à condição reta de Jó diante de Deus (vv. 8,9).

42.10 O SENHOR ACRESCENTOU A JÓ OUTRO TANTO EM DOBRO A TUDO QUANTO DANTES POSSUÍA. A restauração das riquezas de Jó revela o propósito de Deus para todos os crentes fiéis.

(1) Cumpriu-se o propósito divino restaurador, concernente ao sofrimento de Jó. Deus permitira que Jó sofresse, por motivos que ele não compreendia. Deus nunca permite que o crente sofra sem um propósito espiritual, embora talvez ele não compreenda por que. Nesses casos o crente deve confiar em Deus, sabendo que Ele, na sua perfeita justiça, fará o que é sempre melhor para nós e para seu reino.

(2) Jó reconciliou-se com Deus, passando a ter uma vida abundantemente abençoada. Isto revela que por maiores que forem as aflições ou dores que os fiéis tenham que passar, Deus, no momento certo, estenderá a mão para ajudar os que perseverarem, concedendo-lhes cura e restauração totais. "Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso" (Tg 5.11).

(3) Todos que permanecerem fiéis a Deus, nas provações e aflições desta vida, chegarão por fim àquele estado de delícia e bem-aventurança na presença de Deus, por toda a eternidade (ver 2 Tm 4.7,8; 1 Pe 5.10; Ap 21; 22.1-5).

 

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