1 joao

NOTAS DE 1 JOÃO

  CARTA  DE  1 JOÃO

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Esboço de 1 JOÃO


 

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Introdução (1.1-4) 


I. Comunhão com Deus (1.5—2.28)

A. Os Princípios da Comunhão com Deus (1.5—2.2)

1. “Nenhuma Treva” há em Deus (1.5)

2. Nenhuma Comunhão nas Trevas (1.6)

3. Comunhão na Luz (1.7)

4. Comunhão na Purificação do Pecado (1.8—2.2)

B. A Manifestação da Comunhão com Deus (2.3-28)

1. Na Obediência (2.3-5)

2. Na Semelhança com Cristo (2.6)

3. No Amor (2.7-11)

4. Na Separação do Mundo (2.12-17)

5. Na Fidelidade à Verdade (2.18-28)

II. Os Filhos de Deus (2.29—3.24)

A. Características dos Filhos de Deus (2.29—3.18)

B. A Confiança dos Filhos de Deus (3.19-24)

III. O Espírito da Verdade (4.1-6)

A. O Espírito do Erro e sua Identificação (4.1,3,5)

B. O Espírito da Verdade e o nosso Conhecimento dEle (4.2,4,6)

IV. O Amor de Deus (4.7—5.3)

A. A Origem Divina do Amor (4.7-10)

B. O Amor de Deus — Como Devemos Correspondê-lo (4.11-13,19-21)

C. Permanecendo no Amor de Deus (4.14-16)

D. A Perfeição do Amor (4.17,18)

E. Obediência do Amor (5.1-3)

V. Promessas de Deus (5.4-20)

A. A Vitória Sobre o Mundo (5.4,5)

B. A Integridade do Evangelho (5.6-10)

C. A Vida Eterna no Filho de Deus (5.11-13)

D. As Respostas à Oração (5.14-17)

E. Três Grandes Certezas (5.18-20)

Conclusão (5.21)

Autor:
João
Tema:
Verdade e Justiça
Data:
85-95 d.C.

 

Considerações Preliminares

Cinco livros do NT levam o nome de João: um Evangelho, três epístolas e o Apocalipse. Embora João não se identifique pelo nome nesta epístola, testemunhas do século II (e.g., Papias, Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria)
afirmam que ela foi escrita pelo apóstolo João, um dos doze primeiros discípulos de Jesus. Fortes semelhanças no estilo, no vocabulário e nos temas, entre 1 João e o Evangelho segundo João, sancionam o testemunho fidedigno dos
cristãos primitivos, afirmando que os dois livros foram escritos pelo apóstolo João (ver introdução ao Evangelho segundo João).
Não há indicação dos destinatários desta carta, como também não há saudações, nem menção de pessoas, lugares ou eventos. A explicação mais provável dessa forma rara epistolar é que João escreveu de onde residia, em Éfeso, a
certo número de igrejas da província da Ásia, que estavam sob sua responsabilidade apostólica (cf. Ap 1.11).
Visto que as congregações tinham um problema comum e necessidades semelhantes, João escreveu esta epístola como carta circular, enviando-a por um emissário pessoal, juntamente com suas saudações pessoais.
O assunto principal desta epístola é o problema dos falsos ensinos a respeito da salvação em Cristo e seu processo no crente. Certas pessoas, que anteriormente conviveram com os leitores da epístola, deixaram as congregações
(2.19), mas os resultados dos seus falsos ensinos continuavam a distorcer o evangelho, quanto a “saber” que tinham a vida eterna. Doutrinariamente, a sua heresia negava que Jesus é o Cristo (2.22; cf. 5.1) ou que Jesus veio em
carne (4.2,3). Na área moral, ensinavam que não era necessário à fé salvífica (cf. 1.6; 5.4,5), a obediência aos mandamentos de Jesus (2.3-4; 5.3) e uma vida santa, separada do pecado (3.7-12) e do mundo (2.15-17).

Propósito

O propósito de João ao escrever esta epístola foi duplo: (1) expor e rebater os erros doutrinários e éticos dos falsos mestres e (2) exortar seus filhos na fé a manter uma vida de santa comunhão com Deus, na verdade e na justiça,
cheios de alegria (1.4) e de certeza da vida eterna (5.13), mediante a fé obediente em Jesus, o Filho de Deus (4.15; 5.3-5,12), e pela habitação interior do Espírito Santo (2.20; 4.4,13). Alguns crêem que a epístola também foi
escrita como uma seqüência do Evangelho segundo João.

Visão Panorâmica

A fé e a conduta estão fortemente entrelaçados nesta carta. Os falsos mestres, aos quais João chama aqui de “anticristos” (2.18-22), apartaram-se do ensino apostólico sobre Cristo e a vida de retidão. De modo semelhante a 2 Pe e
Jd, 1 Jo refuta e condena com veemência os falsos mestres (e.g., 2.18,19,22,23,26; 4.1,3,5) com suas crenças e conduta destruidoras.
Do ponto de vista positivo, 1 Jo expõe as características da verdadeira comunhão com Deus (e.g., 1.3—2.2) e revela cinco evidências específicas pelas quais o crente poderá “saber”, com confiança e certeza, que tem a vida eterna:
(1) a evidência da verdade apostólica a respeito de Cristo (1.1-3; 2.21-23; 4.2,3,15; 5.1,5,10,20); (2) a evidência de uma fé obediente que guarda os mandamentos de Cristo (2.3-11; 5.3,4); (3) a evidência de um viver santo, i.e.,
afastar-se do pecado, para comunhão com Deus (1.6-9; 2.3-6,15-17,29; 3.1-10; 5.2,3); (4) a evidência do amor a Deus e aos irmãos na fé (2.9-11; 3.10,11,14,16-18; 4.7-12,18-21); e (5) a evidência do testemunho do Espírito
Santo no crente (2.20,27; 4.13). João afirma, por fim, que a pessoa pode saber com certeza que tem a vida eterna (5.13) quando estas cinco evidências são manifestas na sua vida.

Características Especiais

Cinco características principais há nesta epístola. (1) Ela define a vida cristã empregando termos contrastantes e evitando todo e qualquer meio-termo entre luz e trevas, entre verdade e mentira, entre justiça e pecado, entre amor e
ódio, entre amar a Deus e amar ao mundo, entre filhos de Deus e filhos do diabo, etc. (2) É importante ressaltar que este é o único escrito do NT que fala de Jesus como nosso “Advogado (gr. parakletos) para com o Pai”, quando o
crente fiel peca (2.1,2; cf. Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.7,8). (3) A mensagem de 1 Jo fundamenta-se quase que inteiramente no ensino apostólico, e não na revelação anterior do AT; não há claramente na carta referências às Escrituras
do AT. (4) Visto tratar da cristologia, e ao mesmo tempo refutar determinada heresia, a carta focaliza a encarnação e o sangue (i.e., a cruz) de Jesus, sem mencionar especificamente a sua ressurreição. (5) Seu estilo é simples e
reiterativo, à medida que João apresenta certos termos principais, como “luz”, “verdade”, “crer”, “permanecer”, “conhecer”, “amor”, “justiça”, “testemunho”, “nascido de Deus” e “vida eterna”.
 

 

 

 

 



 

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NOTAS DE 1 JOÃO 1º

1.2 VIDA ETERNA. João define a vida eterna, em função de Cristo. Ela só pode ser obtida mediante a fé em Jesus Cristo e a comunhão com Ele (vv. 2,6,7; 2.22-25; 5.20).

1.3 COMUNHÃO CONOSCO. "Comunhão" (gr. koinonia) literalmente significa "ter em comum", e envolve compartilhar e participar. Os cristãos têm tal comunhão porque têm a fé cristã em comum (Tt 1.3; Jd 3), a graça de Deus em Cristo em comum (Fp 1.7; 1 Co 1.9), a presença neles do Espírito em comum (Jo 20.22; Rm 8.9,11), os dons do Espírito em comum (Rm 15.27) e um inimigo em comum (2.15-18; 1 Pe 5.8). Não pode haver nenhuma comunhão verdadeira com aqueles que rejeitam os ensinos da fé do NT (2 Jo 7-11; ver Gl 1.9 nota).

1.6 COMUNHÃO COM ELE. Andar nas trevas significa viver no pecado e nos prazeres mundanos. Tais pessoas não têm "comunhão com ele", i.e., não nasceram de Deus (cf. 3.7-9; Jo 3.19; 2 Co 6.14). Aqueles que têm comunhão com Deus experimentam a sua graça e vivem em santidade na sua presença (v. 7; 2.4; 3.10).

1.7 ANDARMOS NA LUZ. Isso significa crer na verdade de Deus, conforme revelada na sua Palavra e esforçar-se sincera e continuamente por sua graça, para cumpri-la por palavras e obras. "O sangue de Jesus Cristo, seu filho, nos purifica de todo pecado", refere-se à obra contínua da santificação dentro do crente, e à purificação contínua, pelo sangue de Cristo, dos nossos pecados involuntários. É provável que aqui João não esteja pensando nos pecados deliberados contra Deus, já que está falando em andar na luz. Essa purificação contínua propicia a nossa íntima comunhão com Deus (ver o estudo A SANTIFICAÇÃO)

1.8 SE DISSERMOS QUE NÃO TEMOS PECADO. João emprega o substantivo "pecado" em vez da forma verbal "pecamos", para enfatizar o pecado como um princípio imanente na natureza humana.

(1) João está provavelmente argumentando contra os que afirmam que o pecado não existe como um princípio ou poder na natureza humana, ou contra os que afirmam que as más ações que eles cometem não são realmente pecado. Essa heresia continua ainda hoje entre os que negam a realidade do pecado e que interpretam a iniqüidade em termos de causas deterministas, psicológicas ou sociais (ver Rm 6.1 nota; 7.9-11 nota).

(2) Os crentes devem conscientizar-se de que a carne, ou a natureza humana pecaminosa, é uma ameaça constante na sua vida, e que devem sempre estar mortificando as suas más obras por meio do Espírito Santo que neles habita (Rm 8.13; Gl 5.16-25).

1.9 CONFISSÃO DE PECADO. Devemos reconhecer os nossos pecados e buscar em Deus o perdão e a purificação deles. Os dois resultados disso são (1) o perdão divino e a reconciliação com Deus, e (2) a purificação (i.e., remoção) da culpa e a destruição do poder do pecado, a fim de vivermos uma vida de santidade (Sl 32.1-5; Pv 28.13; Jr 31.34; Lc 15.18; Rm 6.2-14).

1.10 NÃO PECAMOS. Quem afirma que não peca, também não precisa da eficácia salvífica da morte vicária de Cristo, e está fazendo Deus de mentiroso (cf. Rm 3.23).

 

 

 

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NOTAS DE 1 JOÃO 2º

2.1 PARA QUE NÃO PEQUEIS. Vemos aqui que o cristão nascido de novo ainda pode pecar. Vemos também que o cristão não tem de pecar, pelo contrário, ele não deve viver pecando (cf. Rm 6.15 nota; 1 Ts 2.10 nota). Para aqueles que caem no mesmo pecado, o remédio é confessar e abandonar esse pecado (ver 1.9 nota). A garantia do perdão está no sangue de Jesus Cristo (1.7; 2.2) e no seu ministério celestial como nosso "advogado". Advogado (gr. parakletos) significa, nesse contexto, que Jesus intercede diante de Deus em nosso favor, à base da sua morte expiatória, do nosso arrependimento do pecado e da nossa fé nEle (cf. Rm 8.34; Hb 7.25 nota; ver também 1 João 3.15 nota, ver o estudo A INTERCESSÃO)

2.2 PROPICIAÇÃO. Jesus como nossa "propiciação" significa que Ele tomou sobre si o castigo dos nossos pecados e satisfez o justo juízo de Deus contra o pecado. O perdão agora é oferecido a todos, no mundo inteiro, e é recebido pelos que vêm a Cristo, com arrependimento e fé (4.9,14; Jo 1.29; 3.16; 5.24; ver o estudo TERMOS BÍBLICOS PARA SALVAÇÃO)

2.4 NÃO GUARDA OS SEUS MANDAMENTOS. João estava argumentando contra o modo errôneo de entender a doutrina da graça e da salvação. Ele opunha-se aos mestres antinomianos os quais ensinavam que para o crente abandonar uma vida de pecado era uma questão de opção:

(1) Esses falsos mestres declaravam que a pessoa pode normalmente afirmar que "conhece" a Deus em termos de salvação, e, ao mesmo tempo, ser indiferente à sua vontade e aos seus mandamentos, e os desobedecer (ver Jo 17.3 nota).

(2) Aqueles que assim procedem, João declara que são mentirosos e não têm em si a verdade de Deus. Querer ser justificado mediante a fé em Cristo, sem o compromisso de segui-lo, significa fracasso.

2.10 AMA A SEU IRMÃO. Ver Jo 13.34,35 notas.

2.15,16 O MUNDO. Ver o estudo O RELACIONAMENTO ENTRE O CRENTE E O MUNDO.

2.18 MUITOS... ANTICRISTOS. Um anticristo ou falso Cristo virá, perto do fim dos tempos, para governar o mundo e liderar uma grande rebelião contra Cristo e a fé cristã (ver Ap 13.1,8,18 notas; 19.20; 20.10; ver o estudo O PERÍODO DO ANTICRISTO). Mas João também diz que "muitos anticristos" já penetraram na igreja. São crentes professos que amam o mundo e seus prazeres pecaminosos e distorcem o evangelho e sua mensagem da cruz, opondo-se assim a Cristo e sua justiça

2.19 SAÍRAM DE NÓS. Quando os anticristos (v. 18) deixaram a comunhão dos crentes fiéis, não eram crentes salvos por Cristo. Cabem, aí, duas possibilidades:

(1) Nunca foram verdadeiros crentes desde o início, ou

(2) antes, experimentaram a salvação em Cristo, mas depois abandonaram a sua fé nEle (ver o estudo A APOSTASIA PESSOAL)

2.20 A UNÇÃO. O crente recebeu uma unção da parte de Cristo, a saber: o Espírito Santo (cf. 2 Co 1.21,22). Através do Espírito Santo conhecemos a verdade (ver v. 27 nota).

2.24 DESDE O PRINCÍPIO OUVISTES. O crente permanecerá em Cristo como salvo, somente à medida em que permanecer no ensino bíblico original de Cristo e dos apóstolos (ver Ef 2.20 nota). Isso sugere duas coisas: (1) abandonar o evangelho original conforme o NT é espiritualmente fatal, e nos separa de Jesus Cristo (cf. Gl 1.6-8; 5.1-4). Os crentes devem permanecer biblicamente conservadores quanto à teologia, i.e., sempre seguirem os ensinos do NT. (2) É perigoso correr atrás de novos ensinos ou mestres, que pregam coisas novas, alheias à fé cristã (cf. Jd 3). Por essa razão, é importante estudar a Palavra de Deus e ser-lhe fiel; nossa própria alma e nosso destino eterno dependem disso.

2.27 A SUA UNÇÃO VOS ENSINA. Todo filho de Deus recebe a "unção" (i.e., o Espírito Santo) para guiá-lo na verdade (Jo 14.26; 16.13). À medida que os crentes permanecem em Cristo e lêem a Palavra de Deus, o Espírito Santo os ajuda a compreender suas verdades redentoras.

(1) Todos os crentes podem estudar e conhecer a verdade de Deus e aprender uns dos outros, mediante o mútuo ensino, exortação e instrução (Mt 28.20; Cl 3.16; Ef 3.18).

(2) Dessa forma, os crentes têm duas salvaguardas contra o erro doutrinário: a revelação bíblica (cf. v. 24) e o Espírito Santo.

(3) O crente não precisa dos que ensinam doutrinas extrabíblicas. Esse é o significado das palavras de João: "não tendes necessidade de que alguém vos ensine".

 

 

 

 

 

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NOTAS DE 1 JOÃO 3º

3.1 FILHOS DE DEUS. A verdade que Deus é nosso Pai celestial e que nós somos seus filhos é uma das maiores revelações do NT.

(1) Ser filho de Deus é o privilégio mais sublime da nossa salvação (Jo 1.12; Gl 4.7).

(2) Ser filho de Deus é a base da nossa fé e confiança em Deus (Mt 6.25-34) e da nossa esperança da glória futura. Como filhos de Deus, somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.16,17; Gl 4.7).

(3) Deus quer que nos tornemos cada vez mais conscientes, mediante o Espírito Santo, o "Espírito de adoção" (Rm 8.15), de que somos seus filhos. O Espírito suscita a exclamação "Aba" (Pai) em nosso coração (ver Gl 4.6 nota) e produz o desejo de sermos "guiados pelo Espírito" (Rm 8.14).

(4) Sermos filhos de Deus é a base da nossa disciplina pelo Pai (Hb 12.6,7,11) e a razão de vivermos para agradar a Deus (v. 9; 4.17-19). O alvo final de Deus ao nos tornar seus filhos é salvar-nos para sempre (Jo 3.16) e nos conformar à imagem do seu Filho (Rm 8.29).

3.6 PERMANECE NELE. As expressões "permanece nele" e "nascido de Deus" (v. 9) são equivalentes. Somente aqueles que permanecem em Deus, continuam nascidos de Deus (ver Jo 15.4 nota; ver o estudo A REGENERAÇÃO)

3.6 NÃO O VIU NEM O CONHECEU. Os verbos "viu" e "conheceu" estão no tempo pretérito perfeito. Em grego, esse tempo se refere a ações ocorridas no passado, cujos resultados continuam até o presente momento. Por isso, João diz que ninguém que peca (i.e., que está vivendo em pecado) tem visto a Deus, nem continua a vê-lo, nem tem conhecido, nem continua a conhecê-lo. Essas palavras, portanto, podem ser aplicadas, ou àqueles que nunca tiveram fé verdadeira em Cristo, ou aos apóstatas que conheceram a Deus no passado, mas que não o conhecem no presente.

3.9 NÃO COMETE PECADO. "Comete pecado", (gr. hamartano) é um infinitivo presente ativo, que subentende ação contínua. João enfatiza que quem realmente nasceu de Deus, não pode continuar a viver pecando conscientemente, porque a vida de Deus não pode permanecer em quem vive na prática do pecado (cf. 1.5-7; 2.3-11,15-17,24-29; 3.6-24; 4.7,8,20).

(1) O novo nascimento resulta em vida espiritual, a qual leva a um relacionamento sempre presente com Deus. Nesta epístola, cada vez que João fala do novo nascimento, emprega o tempo pretérito perfeito em grego, para enfatizar o relacionamento contínuo e ininterrupto iniciado pelo novo nascimento (2.29; 3.9; 4.7; 5.1,4,18; ver o estudo A REGENERAÇÃO).

(2) É impossível, espiritualmente, alguém ter em si a vida divina (i.e., ser nascido de Deus), e viver de modo pecaminoso. Às vezes o crente afasta-se do alto padrão divino para a nova vida espiritual, mas ele não continuará em pecado conhecido (vv. 6,10).

(3) O que faz o crente evitar o pecado é a "semente" de Deus permanecente nele. A "semente" é a própria vida, natureza e Espírito de Deus habitando no crente (5.11,12; Jo 1.1; 15.4; 2 Pe 1.4).

(4) Pela fé (5.4), pela presença de Cristo em nós, pelo poder das Santas Escrituras (ver 1 Ts 2.10 nota), todo crente pode viver a cada momento livre de delitos e pecados contra Deus

3.10 FILHOS DE DEUS... FILHOS DO DIABO. Este é o âmago e a conclusão dos ensinos de João em 2.28-3.10.

Ele acabou de advertir o crente no sentido de não se enganar quanto à natureza da salvação (v. 7).

Conseqüentemente, o crente deve rejeitar qualquer teologia ou doutrina afirmando que a pessoa pode estar fora da comunhão com Deus (1.3), continuar a pecar, fazer as obras do diabo (v. 8), amar o mundo (2.15), lesar o próximo (vv. 14-18), e ainda ser filho de Deus, salvo, a caminho do céu.

Contrariamente a esse falso ensino, João cria claramente que quem continua na prática de pecado conhecido (ver v. 9 nota) "é do diabo" (v. 8), e "não é de Deus" (v. 10). Quem habitualmente pratica o pecado, e afirma que tem a vida eterna e que é filho de Deus, está enganado e "é mentiroso" (2.4).

Além disso, o que caracteriza um verdadeiro filho de Deus é o amor a Deus, manifesto na guarda dos seus mandamentos (5.2) e na solicitude sincera pelas necessidades espirituais e físicas doutros crentes (vv. 16,17).

3.15 NENHUM HOMICIDA TEM... A VIDA ETERNA. A Bíblia geralmente faz uma distinção entre tipos diferentes de pecados: pecados involuntários (Lv 4.2,13,22; 5.4-6; ver 4.2 nota; Nm 15.31 nota), pecados menos sérios (Mt 5.19), pecados voluntários (5.16,17) e os pecados que levam à morte espiritual (5.16). João enfatiza que há certos pecados que o crente nascido de novo não cometerá, porque nele permanece a vida eterna de Cristo (cf. 2.11,15,16; 3.6-8,10,14,15; 4.20; 5.2; 2 Jo 9). Esses pecados, por causa da sua gravidade e da sua origem no próprio espírito da pessoa, evidenciam uma rebelião resoluta da pessoa contra Deus, um afastamento de Cristo, um decair da graça e uma cessação da vida vital da salvação (Gl 5.4).

(1) Exemplos de pecados nos quais há evidência clara de que a pessoa continua nos laços da iniqüidade ou que caiu da graça e da vida eterna são: a apostasia (2.19; 4.6; Hb 10.26-31), o assassinato (v. 15; 2.11), a impureza ou imoralidade sexual (Rm 1.21-27; 1 Co 5; Ef 5.5; Ap 21.8), abandonar a própria família (1 Tm 5.8), fazer o próximo pecar (Mt 18.6-10) e a crueldade (Mt 24.48-51). Esses pecados abomináveis evidenciam uma total rejeição da honra devida a Deus, e da solicitude amorosa para com o próximo (cf. 2.9,10; 3.6-10; 1 Co 6.9-11; Gl 5.19-21; 1 Ts 4.5; 2 Tm 3.1-5; Hb 3.7-19). Por isso, quem disser: "O Espírito Santo habita em mim, tenho comunhão com Jesus Cristo e estou salvo por Ele", mas pratica tais pecados, engana a si mesmo e "é mentiroso, e nele não está a verdade" (2.4; cf. 1.6; 3.7,8).

(2) O crente deve ter em mente que todos os pecados, até mesmo os menos graves, podem levar ao enfraquecimento da vida espiritual, à rejeição da direção do Espírito Santo e, daí, à morte espiritual (Rm 6.15-23; 8.5-13).

3.17 VENDO O SEU IRMÃO NECESSITADO. O amor se expressa pela ajuda sincera aos necessitados, compartilhando com eles nossos bens terrestres (cf. Tg 2.14-17). Recusar a doar parte do nosso alimento, das nossas roupas, ou do nosso dinheiro para ajudar os necessitados, é fechar-lhes o nosso coração (cf. Dt 15.7-11). Por amor devemos também contribuir com o nosso dinheiro para ajudar a propagar o evangelho aos que ainda não o ouviram (4.9,10).

3.22 PORQUE GUARDAMOS OS SEUS MANDAMENTOS. Por que algumas orações são respondidas, e outras, não João declara que uma vida de oração está vinculada à nossa dedicação a Deus. Obedecer aos mandamentos de Deus, amá-lo e agradar-lhe (Jo 8.29; 2 Co 5.9; Ef 5.10; Hb 13.21) são condições indispensáveis para recebermos aquilo que pedimos em oração (ver Sl 50.14,15; Pv 15.29; Is 59.1,2; Mt 6.15; Mc 11.25; Tg 5.16; ver o estudo A ORAÇÃO EFICAZ)

 

 

 

 

 

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NOTAS DE 1 JOÃO 4º

4.1 PROVAI... OS ESPÍRITOS. O motivo para provar todo espírito (i.e., pessoa impelida ou inspirada por algum espírito), é que "muitos falsos profetas" se abrigarão na igreja. Isso acontecerá, principalmente, pelo aumento da tolerância da igreja quanto a doutrinas antibíblicas, perto do fim dos tempos (ver Mt 24.11 nota; 1 Tm 4.1 nota; 2 Tm 4.3,4 nota; 2 Pe 2.1,2). O cristão deve testar todos que, sendo cristãos professos, são mestres, escritores, pregadores e profetas, e mesmo todo indivíduo que afirma que sua obra ou mensagem provém do Espírito Santo. O crente nunca deve crer que certo ministério ou experiência espiritual é de Deus, somente porque alguém afirma isto. Além disso, nenhum ensinamento, nem doutrina, devem ser aceitos como verdadeiros somente por causa de sucesso, milagres, ou unção aparente da pessoa (Mt 7.22; 1 Co 14.29; 2 Ts 2.8-10; 2 Jo 7; Ap 13.4; 16.14; 19.20).

(1) Qualquer ensino deve ser testado, comparando-o com a revelação da verdade de Deus, nas Escrituras (ver Gl 1.9 nota).

(2) É o conteúdo do ensino que precisa ser testado. O ensino tem o mesmo tipo de conteúdo e sentido do ensino apostólico segundo o NT?
Deve ser recusado qualquer ensino que alguém afirma ter recebido do Espírito Santo ou de anjo, mas que não pode ser confirmado pela sã exegese bíblica. (3) A vida do mestre deve ser averiguada quanto ao seu relacionamento com o mundo ímpio (ver v. 5; ver o estudo O RELACIONAMENTO ENTRE O CRENTE E O MUNDO), e quanto ao senhorio de Cristo na vida da pessoa (vv. 2,6; Rm 10.9 nota; ver o estudo PROVAS DO GENUÍNO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO)

4.2 JESUS CRISTO VEIO EM CARNE. O liberalismo teológico e as seitas religiosas revelam sua identidade com a "Anticristo" (v. 3) ao negarem a total deidade de Jesus Cristo (ver Jo 1.1 nota), seu nascimento virginal (ver Mt 1.23 nota), ou sua morte redentora e sua ressurreição em prol da nossa salvação (2.2; 4.9,10; ver o estudo TERMOS BÍBLICOS PARA SALVAÇÃO). Todo desvio da revelação bíblica a respeito de Cristo abre a porta para os espíritos demoníacos do engano (v. 1), pois repudia a autoridade e a total fidedignidade da Palavra de Deus (ver 2 Pe 1.3 nota; ver o estudo A INSPIRAÇÃO E A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS)

4.4 MAIOR É O QUE ESTÁ EM VÓS. As Escrituras destacam o fato de o Espírito Santo habitar no crente (1 Co 6.19). É por meio do Espírito Santo que podemos vencer o mal que há no mundo, inclusive o pecado, Satanás, provações, tentações, tristezas, perseguições e falsos ensinos, e podemos então vitoriosamente cumprir a vontade de Deus para a nossa vida.

4.7 AMEMO-NOS UNS AOS OUTROS. Embora o amor seja um aspecto do fruto do Espírito (Gl 5.22,23) e uma evidência do novo nascimento (2.29; 3.9,10; 5.1), é também algo que temos a responsabilidade de desenvolver. Por essa razão, João nos exorta a amar uns aos outros, a termos solicitude por eles e procurar o bem-estar deles. João não está falando apenas em sentimento de boa-vontade, mas em disposição decisiva e prática, de ajudar as pessoas nas suas necessidades (3.16-18; cf. Lc 6.31). João nos admoesta a demonstrar amor, por três razões:

(1) O amor é a própria natureza de Deus (vv. 7-9), e Ele o demonstrou ao dar seu próprio Filho por nós (vv. 9,10). Compartilhamos da sua natureza porque nascemos dEle (v. 7).

(2) Porque Deus nos amou, nós, que temos experimentado o seu amor, perdão e ajuda, temos a obrigação de ajudar o próximo, mesmo com grande custo pessoal. (3) Se amamos uns aos outros, Deus continua a habitar em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado (v. 12).

4.17 NO DIA DO JUÍZO TENHAMOS CONFIANÇA. O crente que permanece em Cristo, que tem comunhão com o Pai (1.3), que se esforça para guardar os seus mandamentos (2.3), que se separa do mundo (2.15-17), que permanece na verdade (2.24) e que ama o próximo (vv. 7,12), pode então ter confiança de que não será condenado no dia do juízo (v. 18). Certamente trata-se aqui do juízo da igreja, no tribunal de Cristo (ver o estudo A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO)


 

 

 

 

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NOTAS DE 1 JOÃO 5º

5.1 CRÊ... AMA. A fé genuína manifesta-se através da gratidão e amor ao Pai e a Jesus Cristo o seu Filho. Fé e amor são inseparáveis, porque quando nascemos de Deus, o Espírito Santo derrama o amor de Deus em nosso coração (Rm 5.5).

5.2 NISTO CONHECEMOS. O amor ao próximo será amor cristão verdadeiro, somente se for acompanhado do amor a Deus e obediência aos seus mandamentos (cf. 2.3; 3.23; Jo 15.10; ver Mt 22.37 nota; Jo 14.21 nota).

5.4 VENCE O MUNDO... A NOSSA FÉ. A fé que vence o mundo é uma fé que vê as realidades eternas, que experimenta o poder de Deus e que ama a Cristo de tal maneira que os prazeres pecaminosos, os valores seculares, o proceder ímpio e o materialismo egoísta, não somente perdem sua atração para nós, como também temos por eles repugnância, aversão e antipatia (ver Ap 2.7 nota).

5.6 POR ÁGUA E SANGUE. Esta expressão deve aludir ao batismo de Jesus, no início do seu ministério e à sua morte na cruz. Talvez João escreveu assim porque alguns estavam ensinando que o Cristo divino não experimentou a morte; ele então afirma que Jesus Cristo morreu como o Deus-Homem e, portanto, está plenamente capacitado para fazer expiação pelos nossos pecados. O Espírito também testifica dessa verdade (vv. 7,8).

5.12 QUEM TEM O FILHO TEM A VIDA. Todos os povos devem ouvir o evangelho, porque a vida eterna está no Filho de Deus e não se pode recebê-la, nem tê-la de nenhuma outra forma. Ele é o único "caminho... e a vida" (Jo 14.6). A vida eterna é a vida de Cristo em nós. Nós a possuímos quando mantemos vital comunhão com Ele pela fé (Jo 15.4; ver 17.3 nota; Cl 3.4).

5.13 PARA QUE SAIBAIS QUE TENDES A VIDA ETERNA. João declara que seu propósito ao escrever esta epístola é prover ao povo de Deus o ensino bíblico sobre a certeza da salvação. Para uma exposição disso, ver o estudo A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO

5.14 PEDIRMOS... SEGUNDO A SUA VONTADE. Nas nossas orações, devemos submeter-nos a Deus e orar para que sua vontade seja feita em nossa vida (Jo 14.13). Em muitos casos, conhecemos a vontade de Deus pelo que está revelado nas Escrituras. Noutras ocasiões, ela fica clara somente à medida que a buscamos sinceramente. Uma vez conhecida a vontade de Deus a respeito de um determinado assunto, podemos orar com confiança e fé. Quando fazemos assim, sabemos que Ele nos ouve e que seus propósitos para nós serão cumpridos (ver 3.22 nota; ver o estudo A ORAÇÃO EFICAZ)

5.16 ORARÁ, E DEUS DARÁ A VIDA. João refere-se a um tipo de oração dentro da vontade de Deus, em que temos certeza de que Ele a atenderá (cf. vv. 14,15), e.g., a oração pelos crentes espiritualmente fracos, que necessitam das orações do povo de Deus para ministrar-lhes a vida e a graça. As instruções sobre esse tipo de oração são as seguintes:

(1) Essa pessoa carente de oração precisa ser um "irmão", ou seja, um crente que não quis pecar deliberadamente, e cujo pecado não foi rebelião deliberada contra a vontade de Deus (ver a nota seguinte). Assim sendo, ele não cometeu pecado para morte espiritual (cf. Rm 8.13). Ainda tem vida espiritual, mas está espiritualmente fraco; está arrependido e deseja libertar-se de tudo quanto desagrada a Deus, mas precisa de ajuda, para vencer o poder de Satanás e do pecado.

(2) Para pessoas assim, a igreja precisa orar, para que Deus lhes dê "vida". Aqui, "vida" significa uma restauração do vigor espiritual e renovação da graça de Deus (ver o estudo FÉ E GRAÇA), as quais estão sendo prejudicadas pelo pecado (cf. Rm 8.6; 2 Co 3.6; 1 Pe 3.7). Deus promete que atenderá essa oração.

(3) Para quem antes foi crente e agora cometeu pecado "para a morte", a igreja não pode orar com a certeza de que Deus dará mais graça e vida a essa pessoa. Esse tipo de pecado envolve a transgressão deliberada, proveniente da desobediência contínua à vontade de Deus (ver o estudo AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO). Tais pessoas estão mortas espiritualmente, e somente poderão receber vida, caso se arrependam do pecado e se voltem para Deus (ver Rm 8.13nota). Devemos orar para que Deus dirija as circunstâncias da sua vida, de modo que tenham uma oportunidade propícia de aceitar de novo a salvação de Deus em Cristo

5.17 HÁ PECADO QUE NÃO É PARA MORTE. João aqui faz distinção entre dois tipos de pecado:

(1) Pecados menos graves, que ocorrem inconscientemente, ou sem a pessoa querer, e que não levam imediatamente à morte espiritual; e

(2) pecados terríveis, evidenciando rebelião deliberada contra Deus e sua Palavra, resultante da morte espiritual, ou conducente a ela, e à separação da vida de Deus (ver 3.15 nota; Nm 15.31 nota; Rm 8.13 nota; Gl 5.4 nota).

5.19 TODO O MUNDO ESTÁ NO MALIGNO. Nunca compreenderemos adequadamente o NT a não ser que reconheçamos o fato subjacente nele de que Satanás é o deus deste mundo. Ele é o maligno, e o seu poder controla o presente século mau (cf. Lc 13.16; 2 Co 4.4; Gl 1.4; Ef 6.12; Hb 2.14; ver Mt 4.10 nota; ver o estudo O REINO DE DEUS).

(1) As Escrituras não ensinam que Deus hoje controla diretamente este mundo ímpio, cheio de gente pecaminosa, de maldade, de crueldade, de injustiça, de impiedade, etc. Deus não deseja, nem causa, de nenhuma maneira, todo o sofrimento que há no mundo; nem tudo quanto aqui ocorre procede da sua perfeita vontade (ver Mt 23.37; Lc 13.34; 19.41-44; ver o estudo A VONTADE DE DEUS). A Bíblia indica que atualmente o mundo não está sob o domínio de Deus, mas em rebelião contra seu governo e sob o domínio de Satanás. Por causa dessa condição, Cristo veio a morrer (Jo 3.16) e reconciliar o mundo com Deus (2 Co 5.18,19). Nunca devemos afirmar que "Deus está no controle de tudo", a fim de nos esquivar-nos da responsabilidade de lutar seriamente contra o pecado, a iniqüidade ou a mornidão espiritual.

(2) Há, no entanto, um sentido em que Deus está no controle do mundo ímpio. Deus é soberano e, portanto, todas as coisas acontecem de acordo com sua vontade permissiva e controle ou, às vezes, através da sua ação direta, de conformidade com o seu propósito e sabedoria. Mesmo assim, na presente era da história, Deus tem limitado seu supremo poder e domínio sobre o mundo. Esta autolimitação é apenas temporária, porque no tempo determinado pela sua sabedoria, Ele destruirá toda a iniqüidade e o próprio Satanás (Ap 19,20). Somente então é que "Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre" (Ap 11.15)
 

 

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